Lara Fernanda Modolo Ducci e Martha Ribeiro Simas

Dia Internacional da Mulher
O Dia Internacional da Mulher, celebrado em 8 de março, é uma data que marca a luta por igualdade de direitos e oportunidades. No campo da engenharia, essa luta tem sido longa e desafiadora. Durante séculos, o universo técnico e científico foi predominantemente masculino, e as mulheres que ousavam entrar nesse espaço enfrentavam preconceitos e barreiras. No entanto, com determinação e competência, as engenheiras vêm transformando essa realidade e deixando sua marca em todas as áreas da engenharia.
Hoje, as mulheres engenheiras são responsáveis por inovações, grandes projetos e pela construção de um futuro mais sustentável e inclusivo. Elas atuam em obras, fábricas, laboratórios e escritórios, trazendo soluções eficientes e humanizadas para os desafios da sociedade. Apesar dos avanços, ainda há muito a conquistar: a equidade salarial, a maior representatividade em cargos de liderança e o reconhecimento pleno de suas capacidades são demandas que continuam na pauta.
O Cenário é Desafiador
De acordo com o Relatório sobre os quadros profissionais do Sistema Confea-Crea-Mútua (https://relatorio.confea.org.br/Profissional/ProfissionaisPorGenero), de um total de 1.162.627 profissionais ativos registrados no CONFEA - Conselho Federal de Engenharia e Agronomia, apenas 234.064 são do gênero feminino. Ou seja, a participação feminina nas áreas tecnológicas e no sistema, representa pouco mais de 20%. No decorrer das últimas décadas, a participação feminina nas áreas da engenharia aumentou. A engenharia é uma mola de propulsão fundamental para o desenvolvimento econômico e social do país. Precisamos humanizar as relações da sociedade como um todo e, em especial na engenharia, com a presença da mulher.
A valorização da Mulher Engenheira deve ser concomitante ao crescimento da percepção sobre a importância da profissão, trazendo as mulheres como foco e, a visão da inclusão da engenharia na sociedade.
A presença feminina dobrou entre 2016 e 2020, no Crea-SP. A engenharia faz parte das STEAM, sigla em inglês Science, Technology, Engineering, Arts and Mathematics, áreas entre as que menos contratam e formam mulheres. Este é um momento importante pois representa um marco no processo de consolidação das Políticas de Equidade de Gênero na sociedade, que tem uma trajetória em prol da categoria, do protagonismo e da valorização feminina, da tecnologia e do desenvolvimento nacional.
Por mais Mulheres na Engenharia Nacional
A UNESCO (https://www.unesco.org/pt/articles/unesco-desafia-os-interessados-de-todo-o-mundo-por-fim-disparidade-de-genero-na-ciencia) lançou um ato para acabar com a disparidade de gênero na ciência, em um episódio para celebrar o Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência - Call to Action: Closing the Gender Gap in Science. De acordo com a publicação, as disparidades são maiores nas engenharias e na ciência da computação. Sendo que em 2018, em âmbito mundial, as mulheres representavam apenas 28% dos graduados em engenharia e 40% dos graduados em ciência da computação. [UNESCO. (2021). To Be Smart, the Digital Revolution Will Need to Be Inclusive: Chapter 3 in UNESCO Science Report. Paris]. Pelo mundo, de acordo com dados da Unesco, as mulheres correspondem a menos de um terço dos contratados nas áreas de pesquisa e desenvolvimento, ou seja, apenas um em cada três cientistas é mulher.
A meta é avançar, tecnologia e inovação fazem parte da engenharia. Olhando para o futuro e novas referências, como a implementação da internet 5G, a Web 3.0, o STEAM como ferramenta, a nova economia verde e os pilares de ESG, a disseminação de startups, criando oportunidades adicionais e, infundindo aspectos sociais, ambientais, éticos e políticos dos esforços atuais, em tecnologia e inovação, em pesquisa, ensino, orientação e serviço.
Políticas públicas de compliance. Compromissos com a adoção de um sistema de governança afim de equilibrar o controle e a eficiência, para a promoção de um ambiente de referência em ética, integridade, transparência e o incentivo à adoção de práticas ESG junto as nossas autarquias e fundações públicas.
Finalmente, buscar a superação de questões culturais que ainda persistem, fortalecendo o propósito e o compromisso com o empoderamento das mulheres brasileiras, incentivando o aumento da participação das mulheres profissionais das áreas da Engenharia, Agronomia, Geociências, Meteorologia e Tecnologia e, mais espaços na Engenharia Nacional.
O 8 de março é um dia para celebrar as conquistas da mulher engenheira, mas também para reforçar a importância de políticas e iniciativas que garantam um ambiente de trabalho mais justo e acessível. Que esta data inspire novas gerações a seguirem na engenharia e em todas as áreas onde ainda há desafios a serem superados. Afinal, construir o futuro também é uma obra feminina.
Lara Fernanda Modolo Ducci – Engenheira Civil, Conselheira da CNTU. Especialista em Saúde Pública, Resíduos Sólidos Domiciliares e Impacto Ambiental, Petróleo e Gás Natural, Gestão Pública e Gestão Escolar. Professora da SEESP.
Martha Ribeiro Simas - Engenheira Civil, Conselheira da EngD. Engenheira de Segurança do Trabalho, Engenheira de Planejamento pelo Programa de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e Gás Natural PROMINP.