“A missão do EngD e os temas estratégicos da Engenharia Nacional”
Ser referência nacional no campo da Engenharia na participação do processo de transformação da sociedade para a evolução civilizatória em direção a democracia plena em suas dimensões política, econômica e social.
Acreditamos que o processo de transformação da sociedade em plena era do conhecimento necessita ser orientado para a ciência tecnologia e inovação.
Estamos vivendo, a nível global, uma nova revolução científica e tecnológica, como também uma revolução industrial e tal processo se caracteriza sobretudo por nova inteligência, que irá desencadear um grande ajuste na divisão dos mercados internacionais nas áreas da indústria, agro, serviços, biodiversidade, meio ambiente e na divisão internacional do trabalho.
Novas tecnologias disruptivas continuam a surgir, cada vez com maior velocidade, as quais remodelam o cenário competitivo.
Acreditamos que temos uma nova rara oportunidade histórica de recuperação, de dar um salto na melhoria de vida das pessoas, de reconstruir a indústria nacional em novas bases, mas estamos jogando pela janela com a atual política do governo nacional, ampliando ainda mais a diferença para os países que estão fazendo um caminho oposto acreditando no investimento em Ciência, Tecnologia, Inovação e Educação.
O Projeto Nacional de Desenvolvimento e o SNTCI
E, portanto, urge nos prepararmos para participar com propostas efetivas de modo a construir um Projeto Nacional de Desenvolvimento para o Brasil.
O esgotamento do modelo socioeconômico e político em nosso país, e a mudança mundial dos paradigmas de produção, comercialização e consumo, imposta pela revolução tecnológica não nos oferece outra saída senão a de mergulhar fundo nesta mudança.
E neste desafio estratégico a Engenharia e as áreas do conhecimento da ciência, tecnologia e inovação que se interagem são peças-chave e fatores críticos de sucesso.
Temos uma missão emergencial de rever integralmente o nosso Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (SNCTI), sistema que necessita ser reformulado de uma maneira radical pois para o nosso sucesso como Nação, é estratégico sob todos os aspectos, a incorporação do conhecimento em todas as atividades econômicas e para tanto, para que esta meta seja realizada, temos que construir um robusto Sistema SNCTI.
A prioridade orçamentaria necessita ser revista em caráter emergencial de forma a assegurar um percentual do PIB significativo para esta direção estratégica da Inovação. Temos que ter uma meta de 4% do PIB endereçado ao SNTCI para reduzir a diferença competitiva e acrescer investimentos de fomento das empresas privadas com políticas de compensação, bem como estimular as universidades a desenvolverem tecnologias inclusivas para alterar o quadro atual de descolamento do desenvolvimento de novas tecnologias e a inclusão social.
Na contramão dos países mais inovadores, o Brasil perdeu 15 posições no Índice Global de Inovação nos últimos dez anos.
Sem esta nova base estratégica não conseguiremos nos posicionarmos neste novo cenário do século 21.
Quando impulsionamos o SNTCI os problemas básicos serão endereçados como moradia, educação, saneamento, cidades inteligentes, logística, saúde, educação, segurança...fatores determinantes para a evolução civilizatória de nosso povo e esta agenda é a mais simples de se resolver, pois já temos soluções fantásticas, basta colocar em operação por um governo que se sensibiliza com o tema.
Temos o SUS, o Fundeb e a proposta de estender o modelo para a segurança.
Estes valores conquistados terão que ser potencializados pelo EngD.
Teríamos muitos temas para se tratar neste Blog, mas me atentei naqueles que estão na ordem do dia de nossa economia, mas este fator não significa que outros artigos não devamos tratar de outros assuntos estratégicos também muitos importantes como a matriz energética do Brasil.
A Amazônia e a nossa Biodiversidade Terrestre
Aliados a estes fatores de falta de prioridade e foco no SNTCI, ainda temos o agravamento da questão ambiental, do bioma da Amazonas e demais biodiversidade de nosso país, onde a política de destruição consiste em um risco enorme para toda a humanidade, conforme vem sendo reiteradamente alertado por inúmeros cientistas mundo afora, com destaque para os impactos nefastos e alarmantes dos novos índices de aquecimento global e mudanças climáticas, constituindo isto uma grande prioridade para o EngD.
Além do risco não se enxerga a nossa biodiversidade como um elemento de diferencial competitivo.
Os nossos biomas terrestres (Amazônia, Cerrado, Caatinga, Pantanal, Mata Atlântica e Pampa) são estratégicos pelo potencial de fornecimento de matérias primas e produtos únicos e inovadores a nível mundial e podem ser viabilizados através de projetos de forma ambientalmente responsável e gerar vantagens competitivas para o nosso país, inclusão social e econômica nestas regiões atualmente esquecidas. Podemos gerar uma economia inclusiva, com proteção social e que garanta a conservação ambiental.
Somos o país que possui a maior biodiversidade do Globo e mais de 60% do que temos nesta biodiversidade não é de conhecimento da ciência e tecnologia, em áreas de pesquisa que ainda não existem nas áreas fitofármacos e alimentos com o consagrado Açaí que explodiu ao redor do mundo gerando mais riqueza por hectare que a soja e o boi.
Temos mais de 40 produtos identificados na Amazônia sem uma política de desenvolvimento de cadeia de valor.
Não conseguimos compreender que a geração de riqueza em um novo Modelo de sustentabilidade tem potencial de geração de riqueza e inclusão muito superior ao agronegócio tradicional, baseado em commodities de baixa barreira de entrada como foi a borracha e outros commodities que já tivemos.
A biodiversidade brasileira é singular, apenas na Colômbia e indonésia em menor escala tem este potencial, e, portanto, é um grande diferencial competitivo que demais avanços de inovação não penetram sem a matéria prima do bioma e o que viabiliza o Brasil nas cadeias globais de valor, com uma produção biotecnológica genuinamente brasileira.
A Amazônia Azul e a nossa Biodiversidade Marítima
Nós temos 2 Amazonas, a terrestre e a marítima, que é Zona Econômica Exclusiva do Brasil em áreas marítimas uma área que corresponde a 4,5 milhões de quilômetros quadrados, ou o equivalente à superfície da Floresta Amazônica (mais da metade da área do Brasil continental).
Esta região possui muitas riquezas e potencial de uso econômico de diversos tipos, como: pesca, minerais, novos alimentos na nova indústria foodtech, enorme biodiversidade de espécies marítimas nativas, petróleo, como o encontrado na Bacia de Campos e no pré-sal, e aproveitamento de energia maremotriz e energia eólica em alto-mar, ou offshore.
Essa região, ainda, sobre a qual o Brasil exerce soberania, tem um enorme potencial de recursos na sua biodiversidade, como os recursos minerais energéticos, não extrativos, alguns já em exploração, fármacos e alimentos.
Os recursos de exploração são imensos, conforme demonstrou o pré-sal, mas temos muitas outras oportunidades de exploração nesta costa brasileira,
O EngD necessita atuar neste ponto estratégico dos Biomas, com destaque para a Amazonia, mas não esquecendo da Amazonia Azul, outro legado e ativo brasileiro que nos capacita para se inserir na cadeia global com Inovações diferenciais.
Não vamos ganhar a corrida dos semicondutores, da indústria eletrônica, mas podemos realizar inovações onde temos o nosso diferencial competitivo.
Preservação da nossa água e reservas hídricas
Esta reserva vai fazer diferença para as novas gerações e temos que criar soluções tecnológicas e de engenharia pra preservar este patrimônio brasileiro, apesar de sermos possuidores cerca de 12% das reservas de água doce superficial do mundo e de alguns dos maiores reservatórios subterrâneos de água líquida.
Aproximadamente 97% da Terra está coberta de oceanos e de água imprópria para o consumo humano.
Restam, portanto, menos de 3% de água doce, 2,5% congelada na Antártica, no Ártico e em geleiras, indisponíveis para uso imediato. Dos 0,5% restantes, a maior parte está em aquíferos subterrâneos.
Temos que preservar e o EngD trabalhará em projetos que reduzam o consumo e preserve este ativo para as próximas gerações de brasileiros.
Temos um compromisso com as novas gerações em cima deste ativo.
A Produção de Alimentos e o Paradigma de Produção de Commodities
Somos campeões de fornecer alimentos commodities para o mundo, mas na nova ordem mundial se não invertermos esta estratégia, esta onda que aparentemente é positiva nos trará muitos problemas adiante.
Várias áreas do mundo estão se habilitando em produzir commodities e senão virarmos a chave ficaremos em um cenário competitivo de preço muito crítico e cíclico.
Os ciclos dos commodities no mundo inteiro é complexo, pois a barreira de entrada para a produção não exige muita tecnologia, em que pese a produtividade ser um fator de diferencial competitivo.
Mas teremos que verticalizar a produção, pois o consumo de água, terras e recursos naturais para a produção a longo prazo inviabiliza a posição brasileira.
Acreditamos que os complexos produtivos devam verticalizar, industrializar, gerar empregos, temos que incentivar para a produção de produtos de maior valor agregado, teremos que resolver a questão da terra com uma política moderna, sem acreditar que pequenos e médios agricultores sem incentivo serão competitivos neste cenário.
A Reforma agraria em torno da criação de Núcleos Produtivos agroindustriais com suporte tecnológico, contrato comercial de produção em função da segurança alimentar do mundo e, financeiro deverão ser o Modelo de Produção de Alimentos, que não privilegie apenas a monocultura, mas gerem alimentos diversos em escala para a população.
Desta forma o EngD tem como missão colaborar com a Engenharia para estruturar estes Núcleos produtivos em outro patamar de tecnologia e resultados e, colaborar com o Agronegócio para verticalizar a produção e gerar novos empregos para acomodar esta imensa multidão de desempregados fora do processo produtivo.
A verticalização da Mineração e o Desenvolvimento Sustentável
O Brasil é muito rico em minérios em os seus matizes.
Os minérios são exportados como commodities com baixo valor agregado.
Os minérios são finitos e temos que reverter esta política, pois de tudo que extraímos, cerca de 855 são exportados sem valor agregado.
O processo de transformação e produção fica nas mãos de grandes empresas multinacionais. Consequentemente, a maior parte dos lucros não permanece no País e não beneficia a população brasileira, não gera emprego que nos falta e a riqueza finita vai se esvaindo para fora.
Desta forma, a nossa defesa é pelo processamento do minério em território brasileiro, com a verticalização da produção sustentável, eliminando a destruição e o desequilíbrio ambiental.
Esta é nossa bandeira, reduzir drasticamente a exportação de commodities, imprimir uma exploração ambientalmente correto e verticalizar para geração de emprego.
Os ganhos gerados pelos investidores, numa atividade mineral, não podem ser exclusivos dos acionistas.
Que o crescimento da geração contemporânea não sacrifique o bem-estar das gerações futuras. Para que isso ocorra é necessário que todos os projetos de mineração sejam submetidos a rigorosos processos públicos e transparentes de licenciamento.
Conclusão
Chegamos ao fim, mas é um começo pois o EngD terá muitos desafios e temas a tratar para concretizar a sua missão, nesta complexidade imensa que é o Brasil, e desta forma, para que aqueles que gostam de contribuir e agregar para o pais, se engajem em nossos grupos para produzir propostas efetivas papara o nosso Projeto de Desenvolvimento Nacional.
Comments