Muitos professam que o socialismo, dentre outros atributos materiais, é poder econômico e meios de produção nas mãos e / ou sob controle do Estado em prol da coletividade, é igualdade dos direitos e deveres e total respeito à diversidade.
E eles estão certos, mas, não tocaram na essência socialista, aquela que, realmente, faz a diferença. Refiro-me à natureza humana profunda, ao comportamento que foca o outro e não a si próprio, que pratica a ajuda mútua, a cooperação entre as pessoas em lugar do confronto, a solução pacífica dos conflitos, o mutualismo como práxis maior das relações humanas.
Mas, muitos alegam, conheço muitos socialistas que não agem assim, são beligerantes, sempre voltados para o confronto em vez da cooperação, sempre dispostos a se digladiar até entre seus próprios pares e tantas outras manifestações comportamentais que nada condizem com tal modelo.
Respondo: Analise-os, atentamente, nas suas relações do dia a dia, pessoais e profissionais, nas suas visões de sociedade e irão perceber que esses estão muito distantes de ser socialistas. Eles, apenas, ostentam a retórica e os símbolos socialistas, mas precisarão avançar muito ainda para terem sangue vermelho, o sangue socialista, circulando pelas suas veias, banhando seus corações e seus cérebros.
Aplica-se, com maior intensidade, para os comunistas.
César, há na natureza humana o impulso individualista e o impulso coletivista. Ambos são necessários à sobrevivência e evolução da espécie humana. As questões culturais tem levado a sociedade humana a supervalorizar um ou outro impulso. Em resumo, o Capitalismo potencializa o impulso individualista ao extremo. O Socialismo (as experiências ainda são poucas e fracionadas) estimularia o coletivismo. Mas desde que não se afaste dos valores humanistas e iluministas que estiveram em sua concepção original. Isso é tão importante que imagino como uma tarefa transcendental para os socialistas de todo o mundo uma revisita aos valores humanistas e iluministas consagrados pela inteligência humana (coração e mente) em especial nos sécs. XVII e XVIII. "Sapere aude".
César, mas você não foi até a questão "da natureza humana profunda". A visão coletivista é uma visão dos nossos antepassados quando ainda viviam no "comunismo primitivo", ainda não eram agricultores e sim caçadores e apanhadores de frutos... Com a mudança dos meios de produção foi também mudando "a natureza profunda". Começou haver "a minha roça" que eu plantei e cuidei, então cerquei e quero os frutos do meu trabalho... E tudo desandou. Hoje, mais do que nunca a "natureza profunda" é individualista, com cada um querendo ser um capitalista, mesmo que um pequeno capitalista. Essa questão é muito séria.