A economia global está em crise. O esgotamento exponencial dos recursos naturais, o declínio da produtividade, o crescimento lento, o aumento do desemprego e o acentuar das desigualdades forçam-nos a repensar os nossos modelos econômicos. Para onde vamos?
A “crise climática” – que sucedeu o termo “mudanças climáticas” – ganha a atenção da opinião pública mundial, coroando esta situação de incertezas que rondam as entranhas do mundo do trabalho, da economia e da vida.
Frente a isto, de forma inédita lança-se em Nova Iorque nesta semana, aproveitando o momento da abertura da 78º Assembleia Geral da ONU, uma iniciativa histórica e impactante. O Brasil e os EUA, juntos pela primeira vez nesta área, apresentam uma proposta inicial denominada “Coalizão Global pelo Trabalho”. Formatada através do Ministério do Trabalho e do Emprego do Brasil, do Departamento do Trabalho dos EUA, das centrais sindicais e organizações empresariais, das chancelarias, dos congressistas e dos presidentes Lula e Biden tem como objetivo criar um roteiro audacioso, um caminho horizontal e crescente para enfrentar os desafios colocados pelo mundo do trabalho, do capital e dos governos.
Itens como a defesa da liberdade sindical, por garantias aos trabalhadores e trabalhadoras por aplicativo, a defesa dos direitos trabalhistas contra a precarização do trabalho em nível global à luz da realidade do século 21, fazem parte desta compreensão coletiva de que as saídas para as crises dependerão de uma integração e participação de cada agente econômico e social. Não haverá sucesso e futuro se acreditarem que as soluções virão por cima. Daí esta convocação para uma espécie de refundação das relações até aqui existentes para todas as nações poderem contribuir para esta plataforma dinâmica. A saída pelas guerras ou pela barbárie, sempre presentes e vivas, devem ser combatidas e abolidas pela construção de uma cultura da paz e um desenvolvimento sustentável.
Esta iniciativa conta com o apoio da OIT (Organização Internacional do Trabalho) de 1919, entidade entre as nações mais antiga, em que o Brasil está integrado há 70 anos, em junho último formatou a Coalizão Global pela Justiça Social em torno da promoção do trabalho decente, proteção social, economia de plataformas e combate ao trabalho escravo e trabalho infantil.
A CNTU (Confederação Nacional dos Trabalhadores Liberais Universitários), que reúne desde 2006, entidades sindicais e federações da engenharia, saúde e economia representando mais de 2 milhões de profissionais no Brasil, apoia esta iniciativa inspiradora lançada pelos presidentes do Brasil e dos EUA e quer trazer junto a ela elementos fundamentais ligados aos trabalhadores do conhecimento e saber de ambos os países e do mundo. No momento em que a engenharia, ciência, tecnologia e inovação ganham o centro do poder na geopolítica entre as nações os profissionais de nível universitária sofrem um processo de precarização, informalidade, desemprego, defasagem na educação permanente e na atualização tecnológica.
Os 800 milhões de profissionais de nível universitários do planeta e 18 milhões no Brasil têm um papel decisivo nas três grandes batalhas contra a desigualdade: a luta contra a fome, a criação de oportunidades de trabalho e emprego e a inclusão educacional, digital e cultural. O desenvolvimento sustentável une a todos e é o verdadeiro outro lado da paz.
* Allen Habert é coordenador do Fórum Nacional EngD
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