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Cládice Diniz

DIA 8M, A LUTA IDENTITÁRIA FORTALECENDO AS SOCIAIS

Na data 08 de março, Dia Internacional da Mulher, ainda se ouve que essa comemoração não é pertinente a um ambiente de luta contra a desigualdade social e a opressão econômica, com argumentos diversos, dos quais destaco dois, o primeiro sendo de que as pautas identitárias enfraqueceriam o enfrentamento por dividir os combatentes em reivindicações não majoritárias; e o segundo, de serem lutas específicas de grupos de indivíduos que apenas os próprios entenderiam o sofrimento por que passam e teriam condições de proporem soluções.


Ocorre que as desigualdades sociais e a opressão não ocorrem segundo dois grupos definidos e bem delineados, um hegemônico dos opressores e outro, único e uniforme de oprimidos. A situação é plural, há infindáveis grupos de opressores e de oprimidos, com a opressão ocorrendo por inúmeras formas entre os indivíduos, todas buscando se fundamentar em alguma falácia, uma falsa justificativa, para construir o argumento de aparente racionalidade que dê forças para aglutinar adeptos favoráveis a seus comportamentos e atitudes opressoras.


A assimetria em poder e direitos obtida contra grupos pulverizados a partir de determinado argumento leva aos demais a uma situação privilegiada, de domínio contra os alijados do poder e direitos, impondo seu pensamento e ditames de forma hegemônica, ainda que com o quantitativo de seus indivíduos muito menor. Estes passam a ser a hegemonia e os inúmeros grupos, pulverizados, a diversidade.


Assim os grupos hegemônicos vão procedendo em todos os campos até aparentarem serem um único corpo uniforme de indivíduos, bem como os oprimidos outro.


Dessa forma, a luta identitária, ao buscar denunciar os erros nos argumentos com que se justificam a opressão, leva a solapar os fundamentos dos grupos que os oprimem, levando a fortalecer a luta contra a desigualdade social e a opressão econômica.


Quanto ao argumento de que as pautas identitárias devam ser levadas apenas pelos seus componentes, se deve considerar que além de ser uma consideração afastada de empatia e solidariedade, qualidades que permitiram a evolução do ser humano, também se mostra historicamente equivocado, pois a atual maneira de se organizar e lutar contra a desigualdade social e a opressão econômica, pelo direito a um viver digno e justo, nasce na luta identitária por direitos, na década de 1960, das pessoas com deficiência.


As suas formas de reivindicar e contra-argumentar passaram a ser utilizadas por outros movimentos sociais vitoriosos, onde se destaca a importância de buscar aliados na sociedade. Assim, as mulheres somente conseguiram o direito à creche reconhecido e incorporados as políticas públicas após os homens passarem a reivindicarem essa pauta com elas. Portanto, as pautas identitárias fortalecem a luta geral.


Cládice Diniz

Engenheira Naval e vice-coordenadora geral da EngD

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