O poeta dizia, com alguma sátira, que “democracia é a forma de governo em que o povo imagina estar no poder”. O movimento Engenharia pela Democracia (EngD) entende que o Estado Democrático de Direito é – e será sempre – uma obra coletiva em construção e em progresso, em batalha e, portanto, em risco.
Episódios como a escalada golpista de 8 de Janeiro deixaram claro, mais uma vez, que não basta derrotar o autoritarismo e a extrema-direita nas urnas. De modo corajoso, o Judiciário brasileiro – notadamente o STF (Supremo Tribunal Federal) – já começa a condenar, com penas duras, os participantes dessa escalada antidemocrática, que incluiu a invasão e a depredação de sedes dos Três Poderes, em Brasília. A vitalidade da democracia foi testada – e as forças democráticas prevaleceram. Historicamente, no Brasil, a ultradireita nunca se sentou no banco dos réus, como agora, através das instituições democráticas.
Recentes pesquisas de opinião, no entanto, mostram um país ainda dividido, sujeito à polarização e a retrocessos. Por isso, a luta pela democracia não pode cessar. Daí a importância de feitos como o lançamento da Rede Democracia e Direitos Humanos (RedeD), numa aldeia indígena de São Paulo, no último domingo (24). A EngD é uma das entidades fundadoras dessa importante iniciativa, que nasce com bandeiras de luta na ordem do dia, como a defesa dos povos indígenas contra o marco temporal e o combate à fome.
Já no próximo dia 5, nos marcos dos 35 anos da promulgação da Constituição Cidadã de 1988, a SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência) promove o Dia de Luta pela Democracia Brasileira, mobilizando mais de cem sociedades e entidades científicas em nome da causa democrática. “Viva a democracia! E lutamos pela educação e pela ciência, para o progresso da sociedade brasileira”, enfatiza a entidade.
Essas datas convergem para outra igualmente simbólica à engenharia nacional. Há 70 anos, em 3 de outubro de 1953, o governo Getúlio Vargas criava a Petrobras, fruto de uma das maiores batalhas política e tecnológica de nossa história. Nascia ali o embrião da gigante de petróleo da América Latina e uma das dez maiores do planeta no campo da exploração, produção, refino e distribuição. Chegamos ao pré-sal pioneiramente em 2007 e mostramos a pujança de classe mundial da engenharia, ciência, tecnologia e inovação brasileiras.
Em outro 3 de outubro marcante, o de 2021, no seio da luta contra o neofascismo no Brasil, era lançado o movimento Engenharia pela Democracia. Mobilizaram-se estudantes, professores, pesquisadores, profissionais e empreendedores na luta por um Brasil democrático, soberano e próspero. Foram muitas conquistas neste curto período, assim como há muitos desafios em aberto.
Agora a engenharia em todo o país está sendo chamada para as eleições no Sistema Crea/Confea em 17 de novembro próximo. A luta em defesa e pela construção da democracia, da engenharia e da soberania nacional não será detida.
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