Entre 7 e 10 de outubro, foi realizada em Salvador (BA) a 79ª Semana Oficial da Engenharia e da Agronomia (Soea 2024). Um dos eventos foi a Reunião da Federação Brasileira de Geologia (Febrageo), uma das áreas de estudo com maior interrelação com as engenharias. Em espaço cedido muito gentilmente pelo presidente da Febrageo em exercício, o geólogo Fábio Reis, a engenheira Márcia Nori, presidente do Sindicato dos Engenheiros da Bahia (Senge-BA), e o engenheiro Francisco Gonçalves, secretário-geral do movimento Engenharia pela Democracia (EngD), se fizeram presentes à abertura dos trabalhos quando abordaram o andamento da criação do Fórum da Engenharia Nacional, rumo à Conferência da Engenharia Nacional (Cen).
Francisco Gonçalves traçou uma retrospectiva histórica a partir da realização da 1ª Conferência Nacional Livre da Engenharia, Ciência, Tecnologia e Inovação (Memorial da América Latina - São Paulo –Capital, abril de 2024), fruto de uma parceria entre EngD, Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e a Fundação Memorial da América Latina. Tal evento produziu importantes contribuições à 5ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação - 5ª CNCTI (Brasília – 30jul-01ago/2024) e identificou a necessidade de expandir o debate sobre o protagonismo da engenharia no país, envolvendo entidades da sociedade organizada, personalidades e as várias instâncias de governo e a conclusão de que o ambiente mais adequado para esse diálogo social seria a construção e realização da 1ª Conferência Nacional da Engenharia (Cen), chancelada pelo Governo Federal, elaborada a partir do que será o 1° Fórum da Engenharia Nacional (Fen).
A primeira reunião preparatória para o Fen foi realizada em 22/ago, quando foi criada uma comissão articuladora formada pelo Clube de Engenharia Brasil - Rio de Janeiro, Clube de Engenharia de Pernambuco, Engenharia pela Democracia (EngD), Federação Interestadual de Sindicatos de Engenheiros (Fisenge), Sindicato dos Engenheiros da Bahia (Senge-BA), Sindicato dos Engenheiros no Estado do Rio de Janeiro (Senge-RJ), Sindicato dos Engenheiros do Estado de São Paulo (Seesp) e Federação Nacional dos Engenheiros. A segunda reunião preparatória para o Fen encontra-se prevista para 7/nov. O Fen, por sua vez, está previsto para fins de março e começo de abril/2025, enquanto a Cen deve ocorrer no segundo semestre de 2025..
Franciso Gonçalves agradeceu o espaço e destacou “a necessidade de se rediscutir todo o processo produtivo das engenharias, desde os projetos conceituais até os descomissionamentos, de modo a identificar desvios que têm conduzido ao que se pode chamar de ciclo da improdutividade”. Ainda chamou a atenção para “a necessidade de se mapear, estudar e aprimorar as diversas interrelações com os mais diversos atores, sejam eles políticos, econômicos, educacionais, de formação profissional e outras áreas de estudo, dentre as quais se destaca a geologia, que dá origem à maior parte da energia e de insumos para as engenharias. Essas ações podem contribuir para uma maior efetividade dos investimentos em empreendimentos correlatos à engenharia no Brasil, de modo que sejam evitadas, por exemplo, as milhares de obras que se encontram paradas”. Ao concluir, o secretário-geral da EngD convidou a Febrageo a participar desta empreitada como aliada na construção do Fórum e da Conferência da Engenharia Nacional.
Marcia Nori ressaltou a importância desta oportunidade para que lideranças da engenharia, geociências e Agronomia conduzam este debate junto aos profissionais com o objetivo principal de propor soluções e políticas públicas que permitam retomar o seu papel de protagonista do desenvolvimento do Brasil como nação soberana.
O geólogo Fábio Reis afirma que a Febrageo se coloca à disposição para colaborar na organização da Conferência, uma iniciativa fundamental para discussão da Engenharia de forma abrangente, com foco no planejamento de ações macro para o desenvolvimento sustentável do Brasil, definindo as principais prioridades de ações conjuntas entre as entidades, profissionais e órgãos e empresas públicos e privados. Os desafios são enormes no país que passa por uma drástica desindustrialização, mas também possui oportunidades reais de tornar o Brasil como pioneiro, como é o caso da transição energética e sustentabilidade, sendo a Conferência uma iniciativa mais que esperada.
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