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Monotrilho paulistano está sem rumo

Por José Manoel Ferreira Gonçalves



Recentemente, dois trens do monotrilho paulistano se chocaram de frente em um horário em que não havia operação com passageiros. As causas do acidente ainda estão sob investigação. Espera-se, por exemplo, que as colunas sejam inspecionadas para avaliar as condições estruturais. De qualquer maneira, o ocorrido já acendeu um alerta entre os engenheiros: até que ponto o projeto da Linha 15 do metrô é seguro?


A população, que ainda sofre os efeitos dessa trombada e convive praticamente todos os dias com problemas que vão se tornando corriqueiros na linha, deve estar assustada – e com razão. Basta ouvir o barulho alto e muito estranho que o monotrilho emite ao passar na junta de dilatação na altura do número 7.300 da avenida Anhaia Melo para colocar em dúvida a segurança dessa obra que, a exemplo de outros projetos de transporte público sobre linhas férreas em São Paulo, não está terminada. E é exatamente essa expansão do monotrilho que agora, mais do que nunca, causa preocupação entre especialistas da área técnica.


A chamada via permanente do monotrilho prossegue sendo executada. Nessa fase, devem ser tomados cuidados especiais em relação às tolerâncias de concretagem, bem como a instalação dos elementos constituintes.


O maior cuidado a ser tomado nessa etapa é em relação às tolerâncias dimensionais, visto que a via possui uma largura de 690 mm, com a tolerância de aproximadamente 3 mm. Isso se mostra bastante trabalhoso, especialmente em trechos curvos, nos quais a via acaba por ter uma superelevação mais acentuada.


A primeira licitação para a Linha 15 aconteceu no já longínquo 1992, há mais de 30 anos. Outros certames, referentes à expansão da linha em direção à estação Jacu Pêssego, estão em fase de licitação, enquanto o Metrô opera o ramal com várias improvisações. No momento, não há baldeação na estação São Mateus.


Diante de tantos improvisos e temeridades, o mais recomendável seria rever os próximos passos do projeto, bem como se aprofundar numa investigação técnica sobre os acidentes operacionais, até que tenhamos todas as respostas sobre o ocorrido e o futuro do monotrilho.


Engenheiro José Manoel Ferreira Gonçalves é membro da EngD e presidente da Frente Nacional pela Volta das Ferrovias (FerroFrente)


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