Tenho percebido que os neoliberais ultraconservadores credenciados da mídia escrita, falada e televisiva como J.R. Guzzo, Guilherme Fiuza, Alexandre Garcia, Augusto Nunes, Rodrigo Constantino e outros estão ressentidos contra Alkmin por ter proposto ou aceito uma coligação eleitoral com Lula. Não é um ressentimento contra Lula porque já sabem que o ex-presidente é um estrategista político habilidoso, o melhor de todos, capaz de penetrar nas indevassáveis muralhas inimigas, transforma-las em chamas e construir seu próprio reino. Mas, Alkmin não poderia abrir, graciosamente, as portas da fortaleza para o maior inimigo da elite.
Justifica-se a reação porque sabem eles:
- A parceria Lula / Alkmin irá trazer os votos necessários para a eleição de Lula tornando a vitória da esquerda um resultado irreversível. Afinal, Alkmin é poderoso em voto em São Paulo e caminharia, tranquilamente, para a quinta vitória como governador;
- Mais do que isso, essa parceria será um jato de agente extintor eficaz contra a chama artificial demolidora do antipetismo, antilulismo, anticomunismo, anticorrupção petista que, certamente, irá reacender e se transformar num incêndio incontrolável nas eleições;
- Muito mais ainda, a dobradinha Lula / Alkmin abrirá caminho para uma provável eleição de Haddad em São Paulo. Lula presidente, Haddad governador do Estado mais desenvolvido da federação e muitos deputados / senadores no rastro seria um golpe destruidor contra o neoliberalismo;
- E, finalmente, Lula presidente, Alkmin vice irá garantir, desde já, um avanço medonho para a governabilidade do governo Lula e a recuperação de tudo o que foi perdido com Temer / Bolsonaro;
- E, para tornar mais ácida ainda as lágrimas incontidas desses cancioneiros do mal para o Brasil e seu povo, eles sabem que Alkmin em nada irá interferir na rota fundamental do governo Lula. Alkmin, simplesmente, terá que aceitar e apoiar o nosso programa antineoliberal, anti-imperialista americano, como um abnegado serviçal. O passado assim nos tem revelado.
Mas, insistiriam muitos: E o avanço da luta ideológica? Ora, Lula presidente pavimentará a estrada para essa luta avançar durantes os próximos quatro, certamente, oito ou mais anos.
Anseio que me indiquem alguma outra alternativa ideológica melhor, desde que, comprovadamente, não invalide o objetivo estratégico principal: A derrota eleitoral cabal do Esquema Bolsonaro.
César Cantu
São Paulo, 26.12.2021
Cantu, no quesito "ganhar a eleição, e assim derrotar Bolsonaro, de fato é difícil apontar alternativas. Mas a política não é um céu cheio de nuvens? Cada hora que você o torna a ver a conjuntura mudou! E quanto mais perto esse "céu" estiver de novembro de 2022, mais revoltas estarão as nuvens e gerando tempestades. Penso que nosso objetivo não seja apenas ganhar as eleições, mas começar a reconstruir o nosso Brasil. Isso significa: mais empregos oficiais/ menor juro primário/ uma política de estímulo à voltarmos a ter infraestrutura/ deixar a floresta em pé e apontar caminhos para que isso seja sustentável/ reorganizar o SUS/ remontar o Ministério da Educação/ enfrentar a questão da terra no Brasil (Reforma Agrária…