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Foto do escritorMiguel Manso

“Nosso objetivo é descobrir aquilo que facilite a vida do ser humano” - Galdino Santana de Limas

* Por Miguel Manso


Nós fizemos uma patente, sim, até por segurança, para se proteger de outros países. Mas, para ser bem sincero, não levei muito a sério o fator financeiro. Levei mais a sério as dificuldades que enfrentava o povo brasileiro. Visitei também alguns outros países e observei a necessidade do povo carente de ter uma água potável de boa qualidade. Não para o rico, porque o rico já tem. Ele pode pagar caro, porque tem recursos para isso. Mas os pobres, para atingirem uma vida mais saudável, uma qualidade de vida melhor, precisam que alguém se interesse por eles, em fazer alguma coisa para eles. Mesmo que não tivesse feito um registro de patente, seria obrigado a evitar a exploração inadequada, que poderia ocorrer com o roubo da tecnologia. Mas, na realidade eu não pretendo levar isso para o túmulo. O que eu pretendo fazer é beneficiar uma boa camada da população. Já falei, e gosto de repetir, a gente vem ao mundo com a missão de deixar algo de importante para a Humanidade. Não é só passar por aqui, beber, comer, vestir e se divertir, e depois ir embora. A gente tem a obrigação de estudar, de pesquisar e de criar algo que venha a beneficiar a Humanidade. Nós não viemos aqui à toa. Nós viemos aqui para cumprir uma missão. E essa missão tem que ser cumprida com dedicação, com seriedade, com socialismo. Tem gente que só pensa no seu bem estar e não pensa nos outros. Não podemos ser assim, nós nascemos para pensar no bem estar de todos que convivem

conosco aqui neste planeta. (Professor Galdino Santana de Limas)”




Entrou para a Eternidade o cientista autodidata, inventor e ambientalista brasileiro Galdino Santana de Limas.


O professor Galdino como todos o chamavam, 71 anos, filho de Laguna em Santa Catarina, neto de índios daquela histórica cidade, dedicou 60 anos da sua vida aos estudos, pesquisas, descobertas científicas revolucionárias e invenções são um legado que marcará a Humanidade e o nosso planeta para os próximos milênios, faleceu vítima de um AVC no dia 21 de outubro de 2021.


Dedicou-se a pesquisa das bactérias, seus processo naturais, ciclos de vida e propriedades, hábitos e nutrientes, reações químicas e nucleares, tudo o que ocorre nesse microscópico nível da vida e da matéria. Fez descobertas revolucionárias na teoria e na tecnologia, modificou conceitos da tabela periódica, da equação do equilíbrio químico de massas, com resultados práticos e processos documentados pelos mais renomados institutos de certificação e universidades, inúmeras invenções revolucionárias e que estão em uso em centenas de cidades do Brasil e do Mundo, trabalhou experimentalmente sempre com o foco, como ele mesmo dizia em: “Nosso objetivo é descobrir aquilo que facilite a vida do ser humano."


Seus Reatores Biológicos, principal resultado conhecido ate hoje de seus inventos, resolveram problemas ambientais estratégicos, como a despoluição dos aterros sanitários, de lagos e rios, tratamento de esgoto e purificação da água e mais recentemente sua maior e mais promissora invenção: o reator biológico para dessalinização da água Inúmeras invenções ainda estão por vir à luz do dia, como processos biodegradáveis para derramamento de óleos nos mares, tratamento e defensivos agrícolas que substituem os terríveis agrotóxicos, entre outros.

No saneamento, os seus reatores obtiveram soluções desruptivas em relação aos tradicionais métodos usados nas grandes cidades. Todos os métodos até aqui mais utilizados são à base de tratamentos químicos e processos de decantação ou flotação, que geram milhões de toneladas de lamas tóxicas, que vão poluir os aterros sanitários, são processos caros, pelos custos das instalações de usinas de tratamento, dos milhões de toneladas de aditivos químicos empregados, custos energéticos com bombas hidráulicas e motores, pela intensa mão de obra para manutenção dos tanques e sistemas de tratamento, pelo transporte dos produtos químicos e remoção das lamas que saem dos tanques de tratamento, do descarte de todo o material utilizado, custos e mais custos do sistema tradicional de saneamento e reutilização das águas.

Os reatores biológicos do professor Galdino resolvem o saneamento e a purificação da água com custo zero de energia, zero de produtos químicos, zero de mão de obra para limpeza e manutenção, zero de descarte em aterros, sem geração de gases e odor no processo. Seu sistema é tão impactante em relação ao tradicional que enfrenta resistências em todos os setores que serão atingidos pela nova tecnologia. O processo é celular e de uso local, portanto dispensa as dispendiosas redes de dutos de esgoto para levar por centenas de quilômetros os resíduos para a estação de tratamento. O esgoto é tratado e a água reutilizada onde é consumida. Muito mais destrutivo e impactante do que a telefonia celular em relação à telefonia fixa. Elimina produtos que são utilizados, reorienta processos industriais e os interesses neles contidos. Agua tratada deixa de ser um bem de difícil acesso e oneroso e passa a ser de fácil tratamento e reuso constante e barato.


Sua mais impactante e revolucionária invenção, o reator biológico de dessalinização da água, solução definitiva para o acesso da humanidade a água doce, já comprovado e certificado, sem custo energético ou ambiental, apenas utilizando a capacidade de certas bactérias que se alimentam do sal e fazem em seus aparelho digestivo a transformação dos núcleos dos átomos, isso mesmo, transformação nuclear, átomos de sódio que se transformam em outros átomos, hidrogênio, oxigênio, etc.. núcleos pesados de metais que são transformados em outros núcleos atômicos, processos complexos que como sabemos são produzidos pelas estrelas ou em reatores nucleares, são também produzidos em processos digestivos de alguns tipos de bactérias. Dessalinização da água do mar sem a geração de toneladas de resíduos salinos, sem custo energético com bombas de alta pressão nos processos de nano filtragem, com vasto material industrial descartável e oneroso.


A natureza faz o trabalho. O reator de bactérias faz o trabalho de que tanto a humanidade precisa, água doce, para seu próprio consumo, para a agricultura e irrigação, para repovoar rios e florestas. Laudos certificados desses processos e inventos impactaram os maiores cientistas e pesquisadores brasileiros, da USP, da UFRJ, da UFSCAR, e de dezenas de outras instituições científicas em outros países.


Descobertas que o professor Galdino. com muita humildade, apresentava em reuniões, seminários, compêndios, não em palestras teóricas, mas na demonstração prática de suas magníficas invenções.


Grandes cientistas ao ver os resultados apresentados rendiam-se aos laudos e certificados, bombardeavam com perguntas e recebiam respostas científicas surpreendentes, alguns diziam: professor o senhor resolveu problemas que nós estamos pesquisando a décadas sem solução, quando pretende publicar seu trabalho cientifico? Ou ainda, quando o professor dava uma orientação em trabalho cientifico de outro colega, propondo um caminho que não se encontrava na literatura, e o colega encontrava a solução para a sua pesquisa, que não prosperava por limitações dos fundamentos da química conhecida, era prontamente convidado a fazer a publicação conjunta da nova solução, mas o professor a todos respondia que ainda não era o momento de dar conhecimento das suas teorias, mas apenas dos resultados práticos de suas descobertas. Aos que lhe perguntavam se ele não tinha receio de morrer e com ele seus conhecimentos, ele respondia dizendo que tudo que ele sabia havia deixado para seu filho e sua neta, formados em biologia e em química, para que seguissem seu trabalho e seus experimentos. Preocupava-se muito com o que os grandes laboratórios que produzem armas químicas e biológicas poderiam fazer com o conhecimento teórico que ele já sabia. Citava Santos Dumont e sua tristeza ao ver suas descobertas sendo utilizadas não para o progresso da humanidade, mas para a sua destruição.


Galdino era muito lúcido do seu trabalho, dos resultados que poderiam dele advir, dos impactos para a humanidade e para a ciência das suas descobertas, era mais do que cientista, pesquisador, inventor, ambientalista, era um grande humanista. Sabia das limitações da avareza e ganancia humana. Recebia propostas bilionárias para entregar suas pesquisas e patentes, para associar-se com grandes multinacionais, recusou todas as propostas. Orgulhava-se em dizer que suas descobertas e pesquisas eram brasileiras e que nunca receberam nenhum recurso, nem público, nem privado. Dizia sempre que se as descobertas eram boas para a humanidade elas pagariam a si próprias. Não era discurso, foi sua prática existencial de vida, queria também deixar este exemplo. Pagou com seu trabalho assalariado seus próprios estudos e financiou suas pesquisas e descobertas, gerou invenções, e com o dinheiro que arrecadou, montou seu laboratório em Laguna, sua própria empresa para comercializar seus produtos e financiar suas pesquisas e desenvolvimento.


Nascido em família pobre e trabalhadora, Galdino trabalhou de garçom, bancário, passou no concurso interno do banco e chegou a ser, por alguns anos, o assessor de confiança do maior acionista e presidente do Bradesco, poderia ser, se continuasse na função, como lhe foi dito pelo próprio dono, futuro diretor ou presidente do banco. Quando pediu demissão pela primeira vez o banqueiro lhe perguntou o que queria, mais salário, algum beneficio pessoal. Galdino respondeu apenas que queria voltar para sua querida Laguna, o banqueiro então respondeu que investiria na cidade, faria algumas escolas da Fundação, para que Galdino ficasse no cargo. Constrangido em recusar a proposta, Galdino adiou mais alguns anos sua decisão de sair. Na segunda vez que pediu demissão teve que explicar o que queria fazer, continuar suas pesquisas, disse que gostava muito do trabalho com o presidente do Banco, mas que não podia postergar mais suas pesquisas, que continuava a fazer, pagando com seu salário os caros laudos que pedia para os laboratórios Osvaldo Cruz e outros, argumentou que precisava se dedicar integralmente a suas pesquisas e que isso não era mais compatível com a atividade de bancário, mesmo com a perspectiva de um dia vir a ser banqueiro. O dono do banco então pediu que ele antes de sair falasse novamente com ele. Quando foi se despedir o banqueiro lhe deu um envelope fechado e pediu que ele o abrisse quando chegasse a Laguna. Quando abriu o envelope era uma doação vultuosa para suas pesquisas. Colocou o Cheque em uma carta de agradecimento ao dono do Banco, com quem havia trabalhado por muitos anos, e devolveu a contribuição que lhe fora ofertada para as pesquisas. Semanas depois o diretor regional do banco o procurou em sua modesta casa na periferia de Laguna para pedir que ele aceitasse a doação. Galdino propôs então um acordo, recusou o dinheiro mas sugeriu que o banco usasse o recurso para construir algumas estações de tratamento de esgoto em comunidades carentes de Laguna com a sua tecnologia. O banco as construiu e Galdino colocou ali seu reator biológico, alguns bambus onde as bactérias selecionadas e tratadas faziam o trabalho de limpeza da água. Estas estações continuam em funcionamento até hoje, sem qualquer custo para os moradores ou para a prefeitura, que no máximo corta a grama que nasce ao lado da pequena estação que trata o esgoto de milhares de famílias.


Galdino não tinha nenhum apego pelo dinheiro ou pela riqueza, com a venda de seus reatores biológicos financiou e ajudou a formar dezenas de profissionais, implantava suas estações de tratamento de água e esgoto em comunidades carentes sem qualquer remuneração. Utilizava seus ganhos e lucros para reinvestir em suas pesquisas e no desenvolvimento de novas invenções.


Galdino tinha seu laboratório instalado em um sitio na periferia de Laguna. com ele trabalhavam, engenheiros, advogados, administradores e alguns PHDs em química e biologia. Em sua sala privada, onde fazia o que chamava a “domesticação” de algumas bactérias, realizava a parte crucial do processo de seus reatores, trabalhava sozinho, ou melhor, ele e uma “vidoteca“ de milhares de cepas de bactérias. Todos os frascos e lâminas de vidro de culturas, milhares, sem rótulos, conhecia uma a uma as cepas e a todas pelo nome, sem precisar de qualquer lista, tabela, computador ou etiqueta, conversava com cada uma, as observava e estudava, neste pequeno laboratório combinava e equalizava as colônias, até que elas produzissem os resultados que ele buscava, com microscópios e equipamentos de alta precisão. Media o PH das reações químicas molhando a ponta do dedo na solução e tocando sua própria língua, incrivelmente acertava nas casas decimais e depois as comparava com os equipamentos que utilizava para fazer as medições mais precisas, ria e brincava com tudo isso, sempre com muito carinho estimulando os que o visitavam a estudar, a conhecer, compartilhava seus conhecimentos com alegria, muita alegria, sempre sorrindo, com muita vida, amor e simplicidade.


Galdino vivia, em seu sitio, em uma casinha de madeira modesta, dessas antigas que se vê ainda na periferia das cidades catarinenses, muito aconchegante e hospitaleira, dois quartos, uma sala, cozinha e um banheiro, vivia com a esposa, Dona Carmem, figura impressionante, que o acompanhou por toda a sua vida. Ali preparavam seus alimentos, recebiam os filhos e netos, os amigos, dividiam sua morada, contavam casos, falavam com orgulho dos filhos, netos e suas famílias, conversavam sobre suas pesquisas e desafios, acolhiam com muito carinho a todos que por ali passavam.


Tive a honra de conhecer o professor Galdino em 2009, nos tornamos amigos, recebi o professor em minha casa quando ele visitava São Paulo, recebeu minha família, Monica, Alex e Frederico em sua casa. Mostrou para meus filhos sua recente invenção, a dessalinizadora. De um lado uma caixa d'água com água do mar, do outro lado do reator, em segundos corria a agua doce, ainda um pouco turva, pela reação com os bambus, processo que estava em pesquisa e melhoramento ainda, mas totalmente inofensiva para o ser humano. Água do mar transformada em água doce e potável. Mostrou uma caixa d'água de 10 mil litros, dessas de plástico usadas nas moradias, e disse sorrindo aos meus filhos: “Com as bactérias que tenho aqui na solução deste tanque, está resolvido o problema da água doce para todo o planeta, não precisa mais do que isso. Abriu uma torneirinha dessa caixa, molhou a mão e bebeu da água com as bactérias e disse podem tomar, elas não fazem mal algum e ainda nos ajudam”. Fizemos um grande churrasco num domingo inesqucível, momento em que ele próprio recebia a família, seus amigos e colaboradores, sempre com muita alegria e carinho com todos. Nessas inúmeras, agradáveis e instigantes conversas conheci quem era esse espetacular ser humano.


Ainda menino, Galdino saia com sua avó para buscar plantas e ervas no interior das matas próximas a aldeia em que residiam. Sua avó pacientemente lhe explicava para que serviam e em que dose tinham que ser misturadas, por vezes socadas no pilão, para produzir determinados extratos com muitas finalidades. A comunidade em que vivia criava algumas cabeças de gado, a pesca e a mandioca eram a base da alimentação. Ao ralar e espremer a mandioca, o caldo, o vinhoto que sobrava ia para o riacho e para a laguna, era extremamente venenoso, poluia, contaminava e matava os peixes, levando transtornos e muitos problemas para a comunidade.


Aos 11 anos, o jovem Galdino resolve experimentar uma mistura de ervas e carvão para produzir um filtro e retirar os cianetos produzidos pelo extrato da mandioca que matavam os peixes na Laguna. Primeiramente fez o experimento colocando alguns peixes em um pequeno balde e fez passar o extrato da mandioca pelas ervas que selecionou. Deu certo, os peixes não morriam. Fez então em escala maior o filtro de ervas para o riacho onde eram jogados os rejeitos da mandioca e o resultado foi tão surpreendente que logo foi relatado às autoridade sanitária que foram conferir e se impressionaram com as medições e os resultados. O assunto chegou ao conhecimento do então governador de Santa Catarina, que resolveu visitar o pai de Galdino e informá-lo de que o governo iria pagar os estudos de Galdino nas melhores escolas do exterior, porque ele havia resolvido um problema ambiental que seus melhores técnicos não sabiam resolver. O pai de Galdino, que precisava do trabalho do menino na lida, não permitiu que ele fosse estudar. O Governador então colocou dos doutores da universidade a disposição para orientar o menino, ganhou um microscópio e apoio para seus estudos, logo descobriu que não eram as ervas, mas as bactérias que elas continham que faziam a remoção do veneno da mandioca. Seguiu seus estudos e com 14 anos os seus orientadores disseram que o conhecimento que ele possuía já ultrapassara os mestres. Continuou suas pesquisas sempre com orientação dos professores universitários que o apoiavam e admiravam. Seu trabalho experimental evoluía e seus conhecimentos técnicos e científicos também de acordo com as necessidades de seus experimentos. E assim seguiu, autodidata, até seus derradeiros dias.


Deixemos Galdino nos contar em duas entrevistas um pouco de sua visão e descobertas, a primeira realizada pelo jornal O Engenheiro da FNE de outubro de 2012 em que apresenta seu trabalho nos reatores para tratamento de efluentes:

ENTREVISTA - Jornal FNE Edição 123 – Ago/12

Para se tornar um país desenvolvido, o Brasil precisa enfrentar graves problemas. Entre eles, o baixo índice de esgoto tratado – apenas 37,9%, segundo dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento de 2009. Nesta entrevista ao Engenheiro, Galdino Santana de Limas apresenta sistema que inventou como promessa para transformar o quadro atual, rumo à universalização almejada. Ambientalista da Sisteg – Consultoria em Tratamento de Efluentes e do Centro de Pesquisas Ambientais, ele explica a inovação e assegura que a revolução pretendida seria feita com mais agilidade e injeção de menos recursos públicos.


O que o sistema de tratamento que o senhor desenvolveu traz de inovação?


Todos os sistemas existentes no mundo, inclusive de tratamento, são literaturas dos tempos de Cristo e até antes de Cristo, e os engenheiros e as companhias de água e esgoto vão praticando. Hoje não se admite mais isso, é preciso inovar. Para tanto, fizemos um estudo por mais de 40 anos, uma pesquisa bem pautada, bem consistente, para se trabalhar com quebra de moléculas e dos sais minerais que são ingeridos por seres vivos nos esgotos. Isso é o que causa o famoso lodo na estação de tratamento, que tem que ser removido, depois ser colocado em leito de secagem e então em aterros sanitários, porque é altamente contaminante. Para que não haja esse tipo de situação, a gente trabalhou com algumas cepas de bactérias no laboratório, tentando quebrar essas moléculas. O que conseguimos foi ter um esgoto tratado sem necessidade de manutenção nas estações de tratamento, porque não se gera lodo, a não ser para remoção de plásticos e outros materiais sólidos, que podem ser reciclados. Para se tratar, por exemplo, rios, lagos, afluentes, estudamos uma fórmula de manter esse tipo de micro-organismo com meio de suporte fixado numa estação tipo flutuante. Ou seja, a gente adiciona esse material enredado em plásticos e com boias que o segurem dentro do rio. É uma tecnologia nacional e pioneira.


Já vem sendo aplicada no País?


Estamos desenvolvendo projetos no Rio de Janeiro para o Canal do Cunha e, a partir deste final de ano, no rio e nos afluentes da Lagoa Rodrigo de Freitas, já estamos elaborando o projeto. E ainda, em alguns braços de rio de pequeno porte no Recife, são 19 canais. Vamos aplicar também em dois canais em Curitiba. Na cidade de Caldas Novas, estamos tratando águas de piscina que eram desperdiçadas. Agora, metade é inclusive reaproveitada para consumo humano, porque sai com potabilidade total. A economia do dono do empreendimento é muito grande. Fizemos um estudo em São Carlos, interior de São Paulo, que garantiu a certificação do nosso sistema. A partir do mês de setembro, também vai ser lançado um manual do saneamento com a nossa tecnologia, para fácil acesso e entendimento do processo pelos técnicos.


Que tipo de manutenção precisa ser feito, já que não gera contaminantes?


A única manutenção em estações de pequeno e médio porte deve ser a cada seis meses tirar os plásticos no desarenador, o que se faz em uma hora de trabalho. Nas outras estações, o processo tem que ser permanente.


Essa é a grande vantagem dessa tecnologia?


A grande vantagem é eficiência, comprovadamente acima dos parâmetros nacionais e internacionais. E também a economia na implementação e na manutenção. O investimento numa estação dessas atinge no máximo 30% dos valores totais das outras. E no preço final vai zerar, porque não vai ter manutenção.

Quer dizer que se poderia universalizar o tratamento de esgotos com muito menos recursos?


Acredito que com 20% do que se gasta hoje nisso daria para tratar o País inteiro e garantir uma vida de primeiro mundo para o povo brasileiro.

A que se deve essa economia?

À simplicidade da construção das ETEs (estações de tratamento de esgotos), à economia em energia elétrica, já que não usamos nenhum tipo de aeração ou injeção de oxigênio, porque o processo é feito através do micro-organismo. O material empregado na estação é o mesmo, alvenaria, concreto ou mesmo plástico, só que o período de retenção dos nossos sistemas dialógicos é de apenas quatro horas, enquanto o de uma lagoa de maturação é de 72 dias. Por isso, nossas ETEs têm tamanhos reduzidíssimos. Por exemplo, uma estação em uma universidade de Criciúma que trata esgoto para 13 mil alunos, 820 funcionários e oito laboratórios de pesquisa de carvão mineral tem apenas 30 metros quadrados. Num sistema convencional, teria que ter no mínimo um hectare e não sairia por menos de R$ 2,5 milhões. Com tudo colocado, funcionando, a nossa não chegou a custar R$ 50 mil.


E depois de tratado o esgoto?

A água pode ser descartada na rede pluvial, serve para reuso para lavar calçada, aguar planta, grama, tem uma série de utilidades, pode ser usada para se dar descarga quando se projeta um edifício com caixa separada, por exemplo, porque é lógico que não vai se pegar água de esgoto e misturar com a potável, mesmo que saia perfeita, é contra a lei.

Quanto tempo leva para ser implantada uma ETE dessas?

Pode ser implantada em duas horas, um, três, cinco dias. Em 30 dias daria para tratar uma cidade por exemplo como Joinville, Blumenau, Florianópolis.

Daria então para solucionar com mais rapidez e eficiência o problema de tratamento de esgotos no Brasil?

Acho que não só no Brasil, no mundo.


O que está faltando então? Como está essa negociação com os governos?


Estamos em negociação com várias companhias de água e esgoto. A Caern (Rio Grande do Norte) adotou nosso sistema com relatórios dos técnicos expostos em seu site comprovando sua eficiência. Estamos também tratando com a Agespisa, no Piauí, e com as companhias de Pernambuco e Santa Catarina. O que encalha é, na maioria dos casos, o lobismo. Mas, com todos esses entraves, começamos em 2002 e já temos mais de 2 mil ETEs espalhadas pelo País. (Soraya Misleh)

Nesta segunda entrevista ao jornal Hora do Povo, realizada em 2015 apresenta sua mais recente invenção o reator biológico para dessalinização de água do mar:

Pesquisador leva biotecnologia brasileira

ao topo da ciência contemporânea


Em entrevista exclusiva ao HP, o pesquisador e ambientalista, Galdino Santana de Limas, mostra que a biotecnologia brasileira está na vanguarda da ciência biológica mundial e já tem solução para um dos problemas mais candentes da atualidade: a escassez de água potável no planeta.

O biólogo de Laguna, litoral de Santa Catarina, desenvolveu, depois de mais de nove anos de pesquisas, uma nova tecnologia de dessalinização utilizando o trabalho de microrganismos. As técnicas convencionais de dessalinização, além de consumirem muita energia, deixam enormes resíduos que causam grave desequilíbrio ambiental. A cada um milhão de metros cúbicos de água dessalinizada por estes métodos sobram meia tonelada de resíduos.

Pela nova técnica, desenvolvida por Galdino, sobram apenas 250 gramas. Além disso, o custo é 70% menor, informa o pesquisador. “O dessalinizador pelo sistema [convencional] de osmose reversa, ou a nanofiltração, além do problema do resíduo, tem uma operação caríssima - e as membranas que são utilizadas, hoje, no Brasil, são importadas”, afirma o biólogo.

O professor Galdino se diz gratificado por “estar contribuindo para que a Humanidade supere problemas tão graves como a falta d'água”. “Água não é só para o consumo humano. Ela é necessária para tudo aquilo que o ser humano consome. Então, a água, na realidade, é a essência da vida. Ou nós fazemos um estudo voltado para a vida, que é a água, ou vamos perder a vida por falta de água”, alerta o biólogo. “Fico feliz em estar deixando essa contribuição para as pessoas, principalmente as mais necessitadas”, concluiu.

A revolucionária técnica que utiliza microrganismos para a extração de sal da água do mar já foi testada e aprovada pelos principais órgãos de controle e Universidades do país. Ela será implantada ainda este ano em Pernambuco e no Balneário de Caboriu, em Santa Catarina, terra natal do professor Galdino. A nova tecnologia, além de representar uma grande inovação científica, acessível, não demanda consumo de energia e nem necessita de manutenção.

O professor Galdino é autor de outras importantes descobertas, entre elas a técnica, conhecida como "SISNATE", de tratamento de efluentes, utilizando também a biotecnologia. Este método, que será tratado em nossa próxima reportagem, já é um sucesso e está presente em mais de 560 localidades, dentro e fora do país. Com vocês, a nova descoberta do professor Galdino.

HP: Como o senhor chegou ao método de dessalinização da água através de microrganismos? Como ele funciona?


PROFESSOR GALDINO: O funcionamento já é uma coisa experimentada, testada em laboratório, testada inclusive em alguns projetos-piloto. O sistema convencional de dessalinizar a água gera uma salmoura muito forte. Setenta por cento daquilo que você dessaliniza da água do mar sobra como resíduo e, automaticamente, se você fizer uma dessalinização em grande escala, para cidades grandes, como São Paulo, Santos - principalmente as cidades litorâneas, onde há mais facilidade de fazer dessalinização - iria gerar um resíduo muito forte, com um impacto ambiental muito grande, ao devolver esse resíduo ao oceano. Daí a minha ideia de fazer um dessalinizador que não deixasse resíduo, e que fosse mais simplificado, através de microrganismos. Existiam alguns estudos - por exemplo, na Espanha – sobre como tirar sal do reboco das paredes de uma igreja. Não existia como fazer isso - ou se removia o reboco ou não havia como extrair o sal impregnado na parede.O que é que o pintor e os cientistas fizeram? Foram buscar microrganismos. Uma solução era aplicada na parede e começava a transformação dos sais. Procuramos, em nossa pesquisa, fazer um consórcio de outros microrganismos que também pudessem se alimentar e transformar os sais. Ao fazer esse consórcio, nós fizemos com que o processo ficasse mais rápido, porque o processo que os cientistas espanhóis desenvolveram era muito lento. Ele não serviria para dessalinizar a água do mar para a população beber. Com esse consórcio, conseguimos aprimorar o processo para 25 minutos, depois fomos para dois minutos, e, hoje, nós, em dois segundos, temos as condições, através de microrganismos, de dessalinizar a água do mar – ao fim desse tempo, ela está perfeita para ser consumida.

HP: Mas esse tempo independe do volume?


PROFESSOR GALDINO: Independe do volume. O volume depende da bomba, mais ou menos potente, que vai puxar a água. Não há necessidade de se fazer uma coisa muito grande, até porque a costa litorânea é muito extensa, então podemos fazer vários dessalinizadores e adicionar essa água dessalinizada numa só adutora, para a distribuição em uma cidade de qualquer tamanho.

HP: Dois segundos é o tempo que ela leva para passar...

PROFESSOR GALDINO: Para perder o sal. O recipiente pode ser o bambu, como pode ser qualquer outro tipo de material para meio de suporte. O bambu fornece o amido ao microrganismo e tem uma resistência dentro d'água, comprovada cientificamente, de cerca de cem anos. Para uma coisa duradoura, o bambu serve. A água é a essência da vida. Sem água, ninguém vive. Temos que entender que, para produzir madeira, para produzir carne, para produzir frango, qualquer produto agrícola, nós dependemos de uma quantidade enorme de água. Água não é só para o consumo humano. Ela é necessária para tudo aquilo que o ser humano consome. Então, a água, na realidade, é a essência da vida. Ou nós fazemos um estudo voltado para a vida, que é a água, ou vamos perder a vida por falta de água.

HP: Sobre a técnica de extração do sal, o senhor observou plantas que viviam em água salgada e localizou os microrganismos. Isso é seu ou já existia essa técnica?

PROFESSOR GALDINO: Estudos sobre os microrganismos, não. Se existem, ainda estão tão camuflados, que a gente não descobriu.

HP: Na Austrália, houve um investimento gigantesco naquelas usinas de dessalinização, gerando uma resistência grande, porque é caríssimo, consome muita energia, polui muito, sobra muito resíduo...

PROFESSOR GALDINO: Começamos a fazer essa pesquisa há uns nove anos. Primeiro, pela necessidade que se tinha no Nordeste brasileiro, porque os poços artesianos lá, atingem até 50 metros de profundidade e extraem a água com um grau de salinização muito forte. Eu estava viajando por essa região e tive pena daquele povo. Fiquei comovido com aquela situação e prometi, naquela época, conversando com um superintendente local da Funasa, que ia buscar solução para isso.Eu tinha uma pesquisa que estava parada, mas disse que ia voltar a pesquisar, para trazer uma solução viável para aquela situação. Porque o dessalinizador pelo sistema de osmose reversa, ou a nanofiltração, além do problema do resíduo, tem uma operação caríssima - e as membranas, hoje, no Brasil são importadas. A USP, parece-me, está tentando fabricar alguma coisa parecida, mas ainda não atingiu o patamar de desenvolvimento tecnológico para produzir a membrana necessária à nanofiltração. Então, observei plantas diversas, diferenciadas, juncos e outras, que existem na beira do oceano. Observei que a raiz delas é salgada. Por que elas sobrevivem? Porque há algum microrganismo que faz a transformação daquele sal para que a planta possa se alimentar com uma água que seja aceitável.

HP: Essas plantas não são adaptadas ao meio salino?

PROFESSOR GALDINO: São raras as plantas que se adaptam ao sal. Existem algumas - por exemplo, existe uma qualidade de junco que se adapta ao sal e ali não há microrganismos. Mas existem outros tipos de plantas que precisam de água doce para sobreviver. E essas plantas estão ali, dentro da água salgada. Por que elas sobrevivem? Porque há algum tipo de microrganismo na natureza que está propiciando a vida para elas - ou seja, faz a transformação da água salgada em água doce, para que a planta possa sobreviver. De posse dessa experiência, montamos um consórcio de microrganismos. O primeiro consórcio que montei usava um período muito extenso para reter o sal da água. Fui aperfeiçoando, buscando, consorciando mais microrganismos para atingir um nível que pudesse oferecer à população um tratamento adequado da água - e que fosse rápido para solucionar o problema de água potável da população.

HP: O senhor foi experimentando para atingir um tempo reduzido...


PROFESSOR GALDINO: Sim, nós fomos fazendo experiências, não eu sozinho, mas uma equipe. Meu trabalho é feito junto com uma equipe de técnicos em nosso laboratório e no centro de pesquisas. Nosso objetivo é descobrir aquilo que facilite a vida do ser humano.

HP: O microrganismo não deixa resíduo no processo. Para onde vai o sal?

PROFESSOR GALDINO: O sal se transforma, uma parte em gás, que é um gás benéfico, que não faz mal à natureza, e a outra se transforma em hidrogênio e oxigênio, que é a água.

HP: Então, o resultado é completamente limpo?


PROFESSOR GALDINO: Muito limpo, por sinal. Com o nosso experimento, nosso método, nosso cálculo matemático, com um milhão de metros cúbicos de água dessalinizada apuramos de resíduo, e nem é sal, 250 gramas. São algumas impurezas que a água trás como sobrenadantes. A água do mar, quando é bem dessalinizada, tem uma grande vantagem: alguns tipos de patógenos, que fazem mal à saúde humana, já não sobrevivem ali.

HP: O método poderia ser implantado em larga escala nas cidades costeiras?

PROFESSOR GALDINO: Não só poderia, como vai ser implantado em larga escala. Inclusive em alguns outros países - como Dubai e a Coreia do Sul. Pretendemos implantar, também, no Balneário de Camboriú, que, em época de temporada, ultrapassa um milhão de habitantes. Uma cidade relativamente pequena, mas que é muito visitada por turistas. Na alta temporada, há um alto consumo de água.


HP: Os métodos convencionais de dessalinização consomem uma energia gigantesca. O seu método também tem esse problema?


PROFESSOR GALDINO: Não. É zero o consumo de energia. O consumo de energia que existe é o necessário para bombear a água do mar. Mas isso é comum a todos os métodos. Não fazemos destilação, por isso o consumo de energia é zero. A água passa por um processo em três reatores e sai pronta para o consumo.


HP: E a manutenção?

PROFESSOR GALDINO: A manutenção é zero. Se der um problema na bomba, você tem que trocar a bomba. Quando você tem um processo como este, de captação de água para consumo, não há uma bomba só, são colocadas duas bombas. Uma fica de reserva. Quando uma desconecta, você coloca a outra para funcionar.


HP: Os microrganismos duram...

PROFESSOR GALDINO: Eu dou garantia de 50 anos. Depois disso, eu não sei. Mas acredito que dura muito mais do que isso.

HP: Seu método já está patenteado?

PROFESSOR GALDINO: Nós fizemos uma patente, sim, até por segurança, para se proteger de outros países. Mas, para ser bem sincero, não levei muito a sério o fator financeiro. Levei mais a sério as dificuldades que enfrentava o povo brasileiro. Visitei também alguns outros países e observei a necessidade do povo carente de ter uma água potável de boa qualidade. Não para o rico, porque o rico já tem. Ele pode pagar caro, porque tem recursos para isso. Mas os pobres, para atingirem uma vida mais saudável, uma qualidade de vida melhor, precisam que alguém se interesse por eles, em fazer alguma coisa para eles. Mesmo que não tivesse feito um registro de patente, seria obrigado a evitar a exploração inadequada, que poderia ocorrer com o roubo da tecnologia. Mas, na realidade eu não pretendo levar isso para o túmulo. O que eu pretendo fazer é beneficiar uma boa camada da população. Já falei, e gosto de repetir, a gente vem ao mundo com a missão de deixar algo de importante para a Humanidade. Não é só passar por aqui, beber, comer, vestir e se divertir, e depois ir embora. A gente tem a obrigação de estudar, de pesquisar e de criar algo que venha a beneficiar a Humanidade. Nós não viemos aqui à toa. Nós viemos aqui para cumprir uma missão. E essa missão tem que ser cumprida com dedicação, com seriedade, com socialismo. Tem gente que só pensa no seu bem estar e não pensa nos outros. Não podemos ser assim, nós nascemos para pensar no bem estar de todos que convivem conosco aqui neste planeta.

Em minha convivência com o Professor Galdino testemunhei conversas e reuniões com cientistas do mais alto nível.

Em reunião em que participei com o presidente e toda a diretoria da CETESB, na presença de dois PHDs da USP em química e um PHD em biologia, ouvi os doutores, depois de analisar os laudos e certificados apresentados pelo professor, dizer: “Estou vendo aqui que seu reator remove o fósforo e metais pesados no tratamento do efluente, mas como isso é possível? Para onde vão esses átomos? Estes resultados contrariam a lei das equações químicas do equilíbrio de massas, os átomos que entram de um lado da equação não saem do outro lado, como isso é possível? Isso contraria toda a literatura que conhecemos!!!”. O professor Galdino responde com tranquilidade: “sim, contraria, mas os senhores estão vendo os laudos e resultados dos testes que confirmam essa realidade, então, o que precisa mudar é a literatura.”


Em outra reunião com o presidente da SABESP e os diretores técnicos, o professor Jerson Kelman da UFRJ, que havia sido nomeado pelo Governador Alckmin para solucionar a grave crise de desabastecimento de água de SP, ouvi no inicio da reunião, na apresentação que o presidente faz aos seus diretores, sobre do que se trataria na reunião, a seguinte comparação: - "Professor Galdino acabei de ver um documentário selecionado pelo meu filho sobre a evolução histórica do saneamento. Há um capítulo super interessante sobre o médico John L. Leal que em 1908 teve que se defender num tribunal da acusação de envenenar a água distribuída para a população de New Jersey. O que ele tinha feito? Colocado cloro na água do reservatório de abastecimento da cidade. Graças a essa iniciativa, foi possível eliminar os patogênicos da água distribuída à população, a epidemia de cólera arrefeceu e a taxa de mortalidade afundou. Quem sabe o Galdino não é um novo John Leal?” Ao final da reunião em que após apresentados os laudos e questionados pelos diretores técnicos. que reagiam com a mesma surpresa e perguntas dos diretores da CETESB, Galdino propõe duas iniciativas, ajudar a Sabesp a tratar as lamas dos suas estações de tratamento e instalar um projeto piloto da dessalinizadora em parceria com a Sabesp. O presidente determinou que seguissem as tratativas nessa duas frentes, que ainda hoje seguem em andamento e podem ser vistas nos videos no link que deixo ao final deste testemunho.


Em reunião a pedido da reitora do Centro Paula Souza, a professora Laura Lagana e toda a diretoria do Centro e mais alguns doutores das Fatecs, a mesma emoção, a mesma reação diante dos laudos e certificações, o mesmo entusiasmo para ver essa tecnologia rapidamente implantada, o interesse dos técnicos para que as unidades das FATECs do Centro Paula Souza fossem adaptadas à nova tecnologia.


Poderia citar outras mais, em todas pude constatar, o que meu conhecimento como engenheiro já me permitia saber e que também me emociona e motiva, o professor Galdino além de grande figura humana é o inventor e pesquisador de uma nova era da química e da biologia, do domínio da ciência e da tecnologia aplicada, de forma sustentável, para resolver o acesso da humanidade a água doce e potável, para universalizar a irrigação e plantio, reviver áreas inóspitas do planeta, para reduzir os impactos da industrialização, tratar os resíduos tóxicos da indústria despejados nos rios e em lençóis freáticos, altamente poluentes, o chorume dos aterros das grandes cidades e regiões metropolitanas, revolucionar com as novas técnicas para o saneamento básico com tecnologia celular, uso e reuso local, com baixo impacto ambiental e alta eficiência energética.


Por tudo isso e muito mais que ainda está por vir e que será levado adiante por seus filhos e netos, por seus dedicados colaboradores e amigos, que seguem com seus conhecimentos e com suas pesquisas, o Professor Galdino Santana de Limas é para nós, uma perda irreparável, deixa um exemplo e uma obra que marcará a evolução da humanidade para um novo patamar civilizatório.


Toda a honra e toda a glória para Galdino, filho de Laguna, orgulho dos brasileiros.


São Paulo, 22 de outubro de 2021

Em memória do professor Galdino Santana de Limas



*Miguel Manso – Engenheiro Eletrônico e de Telecomunicações pela USP São Carlos e Unicamp


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