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O NEGACIONISMO E A CRISE DOS OVOS NOS EUA E O IMPACTO NO BRASIL E NO MUNDO

Foto do escritor: Miguel MansoMiguel Manso

Atualizado: há 5 horas





Por Miguel Manso


Os EUA são um dos maiores produtores e exportadores de ovos e derivados do ovo no mundo. Eles exportam principalmente para países como México, Canadá, Japão, Hong Kong e nações do Caribe. Além de ovos in natura, os EUA também exportam ovos processados (líquidos, em pó, etc.), que são utilizados pela indústria alimentícia global. Os principais consumidores de ovos incluem México, Japão, Paraguai e China, com consumo per capita acima de 300 ovos/ano.


A crise sanitária, política, social e o negacionismo nos EUA agravaram as medidas de controle e biossegurança com graves reflexos na economia interna e no mundo.


Desde os anos 2000, os Estados Unidos enfrentaram várias crises aviárias, principalmente devido a surtos de influenza aviária (gripe aviária), que levaram ao abate de milhões de aves. Abaixo, apresento uma quantificação dos principais surtos e o número de aves abatidas, com base em dados disponíveis até outubro de 2023. Para projeções até 2025, utilizo tendências e estimativas com base em surtos anteriores.


Surtos de Influenza Aviária nos EUA (2000-2023)

a) Surto de 2004 (H5N2)

  • Aves abatidas: Cerca de 17 milhões de aves (principalmente frangos e perus).

  • Detalhes: O surto ocorreu no Texas e foi controlado com medidas rigorosas de biossegurança e abate.

  • Fonte: USDA (United States Department of Agriculture).

b) Surto de 2014-2015 (H5N2 e H5N8)

  • Aves abatidas: Aproximadamente 50 milhões de aves (a maioria galinhas poedeiras e perus).

  • Detalhes: Foi o maior surto de influenza aviária na história dos EUA, afetando principalmente os estados do Meio-Oeste, como Iowa e Minnesota.

  • Impacto econômico: estimado em mais de US$ 3,3 bilhões em perdas.

  • Fonte: USDA e relatórios da indústria avícola.

c) Surto de 2022-2023 (H5N1)

  • Aves abatidas: Mais de 58 milhões de aves (até outubro de 2023).

  • Detalhes: Este surto afetou praticamente todos os estados dos EUA, com impactos significativos na produção de ovos e carne de frango. O vírus H5N1 é altamente patogênico e se espalhou rapidamente entre aves comerciais e selvagens.

  • Impacto econômico: Ainda em avaliação, mas estima-se que os preços dos ovos subiram mais de 50% em 2022 devido à escassez.

  • Fonte: USDA e OIE (Organização Mundial de Saúde Animal).


Projeções até 2025

  • Estimativa de aves abatidas: Se o surto atual (H5N1) persistir, é possível que o número total de aves abatidas ultrapasse 70 milhões até 2025, considerando a continuidade da propagação do vírus e a necessidade de medidas de controle.

  • Fatores de risco: A migração de aves selvagens e a dificuldade de conter o vírus em grandes operações comerciais aumentam o risco de novos surtos.

  • Fonte: Projeções baseadas em dados do USDA e tendências históricas.


Impacto Econômico Cumulativo (2000-2023)

  • Total de aves abatidas: Mais de 125 milhões de aves desde 2000.

  • Perdas econômicas: Estimativas indicam que os surtos causaram perdas superiores a US$ 10 bilhões ao longo desse período, considerando os custos de abate, perdas de produção e impactos no mercado internacional.

  • Fonte: USDA e relatórios da indústria avícola.


Os surtos de influenza aviária nos EUA têm sido recorrentes e causaram impactos significativos na produção avícola, com milhões de aves abatidas e bilhões de dólares em perdas econômicas. A projeção para 2025 sugere que, sem medidas eficazes de controle, o número de aves abatidas pode continuar a aumentar, especialmente se o vírus H5N1 persistir.


O Impacto da Gripe Aviária nos EUA

  • Queda da produção americana de ovos:

    • Dezembro/24: 652,8 milhões de dúzias (-3,7% em relação a 2023).

    • 2024: 7,75 bilhões de dúzias (-1,4% em relação a 2023).

    • Projeção para 2025: nova queda na produção.

  • Impacto na população:

    • O consumo per capita nos EUA é de 284 ovos/ano, totalizando 250 milhões de ovos consumidos diariamente.

    • Preço da dúzia de ovos tipo A: US$ 4,77 (R$ 27,00), contra US$ 2,51 (R$ 14,00) um ano antes.

  • Impacto nos Preços Globais

  • Aumento dos preços internacionais: A crise nos EUA contribuiu para o aumento dos preços dos ovos em mercados globais. Países importadores, como México e Japão, enfrentaram custos mais altos devido à redução da oferta dos EUA e ao aumento da demanda por ovos de outros fornecedores.

  • Volatilidade no mercado: A incerteza sobre a duração da crise e a possibilidade de novos surtos de influenza aviária em outros países aumentaram a volatilidade dos preços globais.

  • Fonte: Bloomberg e relatórios da FAO.


Efeitos nas Cadeias de Abastecimento

  • Impacto na indústria de alimentos: Os ovos são um ingrediente essencial em muitos produtos alimentícios, como massas, bolos e maionese. A escassez e o aumento dos preços nos EUA afetaram a produção desses itens, levando a aumentos de custos para fabricantes e consumidores.

  • Desafios logísticos: A necessidade de buscar ovos de outros fornecedores globais aumentou os custos logísticos e os prazos de entrega, especialmente para países dependentes das exportações dos EUA.

  • Fonte: The Poultry Site e análises da indústria alimentícia.



O NEGACIONISMO A SERVIÇO DO LUCRO E DA MISÉRIA HUMANA


Nos EUA, o negacionismo tem ganhado força em várias áreas, incluindo a ciência climática, a vacinação e a saúde pública. Esse fenômeno está frequentemente associado à desconfiança em instituições governamentais e científicas, e é alimentada por discursos políticos polarizados e pela disseminação de desinformação.


A polarização política nos EUA tem levado a uma divisão profunda em questões como saúde pública, meio ambiente e ciência. Grupos negacionistas frequentemente rejeitam evidências científicas e políticas governamentais, associando-as a agendas políticas opostas. O fundamentalismo religioso é usado para dar base ao negacionismo e à disputa do poder.


O negacionismo nos EUA, a crise social e os surtos aviários afetam gravemente a adoção de medidas sanitárias e controle nos alimentos e impactos na saúde humana. 


A desconfiança em instituições científicas e governamentais, a polarização política e os impactos socioeconômicos das crises sanitárias são graves e suas consequências mais ainda.


O Impacto nos surtos aviários: A desconfiança nas recomendações de órgãos como o USDA (Departamento de Agricultura dos EUA) e o CDC (Centros de Controle e Prevenção de Doenças) levam a:

  • Resistência a medidas de biossegurança, como o abate de aves infectadas ou a quarentena de propriedades afetadas.

  • Dificuldade em implementar políticas de controle de surtos, especialmente em comunidades rurais onde há maior ceticismo em relação ao governo federal.

  • Menor adesão a campanhas de educação sobre prevenção de doenças, o que pode facilitar a propagação do vírus.


Crise Social e Desigualdades -  a miséria social e cognitiva retroalimenta o negacionismo

A crise social nos EUA, marcada por desigualdades econômicas, polarização política e tensões raciais, exacerbou os impactos dos surtos aviários. Comunidades rurais e de baixa renda, que dependem fortemente da indústria avícola para empregos e subsistência, são as mais afetadas.


  • Impacto dos surtos aviários:

    • Desemprego e perda de renda: O abate em massa de aves e o fechamento de granjas podem levar ao desemprego em regiões onde a avicultura é uma das principais fontes de renda.

    • Aumento dos preços dos alimentos: A escassez de ovos e carne de frango devido aos surtos eleva os preços, afetando principalmente famílias de baixa renda.

    • Tensões sociais: A crise aviária pode agravar as desigualdades existentes, especialmente em comunidades rurais que já enfrentam desafios econômicos e de infraestrutura.

  • Resistência a políticas de controle: Medidas como o abate de aves e a vacinação podem ser vistas como "exageros" ou "ataques à liberdade individual" por grupos negacionistas.

  • Desinformação: A disseminação de informações falsas sobre a influenza aviária (por exemplo, minimizando sua gravidade ou alegando que é uma "farsa") pode dificultar a adoção de medidas preventivas.

  • Falta de coordenação nacional: A polarização política pode impedir uma resposta coordenada e eficaz ao surto, especialmente em um sistema federal onde estados têm autonomia significativa.


Exemplos Práticos

  • Caso do H5N1 (2022-2023): Durante o surto atual, houve relatos de produtores rurais resistentes às medidas de biossegurança, em parte devido à desconfiança no governo e à influência de discursos negacionistas.

  • Impacto nas comunidades rurais: Em estados como Iowa e Minnesota, onde a avicultura é vital para a economia local, a crise aviária exacerbou tensões sociais e econômicas, especialmente em áreas já afetadas pelo declínio industrial e pela pobreza rural.


Para enfrentar esses desafios, é essencial combater a desinformação, fortalecer a confiança nas instituições científicas e garantir que as políticas públicas considerem as necessidades das comunidades mais vulneráveis.


Os argumentos econômicos do negacionismo sanitário e do lucro sem controle:


  • Restrições comerciais: Muitos países importadores de produtos avícolas dos EUA impõem barreiras sanitárias contra produtos provenientes de aves vacinadas. Isso ocorre porque a vacinação pode mascarar a presença do vírus, dificultando a detecção de surtos.

  • Custos e logística: Vacinar grandes populações de aves é caro e logisticamente desafiador, especialmente em um setor que já opera com margens estreitas.

  • Eficácia da vacina: A influenza aviária tem várias cepas, e as vacinas nem sempre são eficazes contra todas elas. Além disso, o vírus pode sofrer mutações, reduzindo a eficácia da vacinação ao longo do tempo.

  • Exportando a crise sanitária: Se os EUA adotassem a vacinação em massa, muitos países importadores poderiam banir ou restringir a importação de produtos avícolas americanos, alegando riscos sanitários. Isso levaria a uma perda significativa de mercado internacional, especialmente para países que são grandes consumidores de ovos e carne de frango dos EUA. 

  • Elevar os preços e os lucros: diminuir os custos adicionais da vacinação poderiam aumentar os preços dos produtos, tornando-os menos competitivos no mercado global. Embora o abate de aves durante surtos seja caro e cause impactos significativos na produção, a vacinação poderia levar a perdas ainda maiores no mercado internacional. 




A estratégia atual nos EUA prioriza o abate rápido de aves infectadas para conter a propagação do vírus, o que causa escassez de ovos e frangos, promove a elevação dos preços internos e no mercado internacional, e apesar dos custos sociais, os exportadores e grandes corporações e frigoríficos preferem vender menos produtos com preços mais caros para elevar suas margens de lucro.



O mercado global de ovos e frango é dominado por grandes empresas e conglomerados que atuam em toda a cadeia produtiva, desde a criação de aves até a comercialização de produtos processados.


Abaixo, listo as principais empresas produtoras e exportadoras de ovos e frango no mundo, juntamente com uma estimativa de sua participação no mercado mundial. Os dados são baseados em informações disponíveis até outubro de 2023.


1. Principais Empresas Produtoras e Exportadoras de Ovos

  • a) Cal-Maine Foods (EUA)

    • Participação no mercado global de ovos: ~6-8%.

    • Destaque: Maior produtor de ovos dos EUA, com uma capacidade de produção de mais de 1 bilhão de dúzias de ovos por ano.

    • Atuação: Foco no mercado interno dos EUA, mas também exporta para países como México e Canadá.

  • b) OVOBEL - GRUPO MANTIQUEIRA/JBS (Brasil)

    • Participação no mercado global de ovos: ~2-3%.

    • Destaque: Uma das maiores empresas de ovos do Brasil, com forte atuação no mercado interno e exportações para países da América Latina, Oriente Médio e Ásia.

    • Atuação: Produz ovos in natura e processados (líquidos, em pó).

  • c) Huevo San Juan (México)

    • Participação no mercado global de ovos: ~2%.

    • Destaque: Maior produtora de ovos do México, país que é o maior consumidor per capita de ovos do mundo.

    • Atuação: Foco no mercado interno, mas também exporta para os EUA e América Central.

  • d) CP Group (Tailândia)

    • Participação no mercado global de ovos: ~3-4%.

    • Destaque: Um dos maiores conglomerados agroindustriais da Ásia, com forte atuação na produção de ovos e derivados.

    • Atuação: Exporta para países asiáticos e do Oriente Médio.

  • e) Dalian Hanovo Enterprise Group (China)

    • Participação no mercado global de ovos: ~5%.

    • Destaque: Uma das maiores produtoras de ovos da China, país que é o maior produtor mundial.

    • Atuação: Foco no mercado interno chinês, mas também exporta para países asiáticos.


2. Principais Empresas Produtoras e Exportadoras de Frango

  • a) JBS (Brasil)

    • Participação no mercado global de frango: ~10-12%.

    • Destaque: Maior empresa de proteína animal do mundo, com operações em mais de 20 países.

    • Atuação: Exporta frango para mais de 150 países, incluindo China, União Europeia e Oriente Médio.

  • b) Tyson Foods (EUA)

    • Participação no mercado global de frango: ~8-10%.

    • Destaque: Uma das maiores empresas de alimentos do mundo, com forte presença no mercado de frango dos EUA.

    • Atuação: Exporta frango para países como México, Canadá e Japão.

  • c) BRF (Brasil)

    • Participação no mercado global de frango: ~6-8%.

    • Destaque: Segunda maior empresa de frango do Brasil, conhecida por marcas como Sadia e Perdigão.

    • Atuação: Exporta para mais de 120 países, com destaque para Oriente Médio, Ásia e África.

  • d) Cargill (EUA)

    • Participação no mercado global de frango: ~5-7%.

    • Destaque: Gigante do agronegócio, com operações integradas em toda a cadeia de produção de frango.

    • Atuação: Exporta frango para mercados globais, incluindo América Latina e Ásia.

  • e) CP Group (Tailândia)

    • Participação no mercado global de frango: ~4-5%.

    • Destaque: Maior produtora de frango da Tailândia, país que é um dos maiores exportadores mundiais.

    • Atuação: Exporta frango para Japão, União Europeia e outros mercados asiáticos.


3. Estimativa de Participação no Mercado Mundial

  • Ovos: As 10 maiores empresas produtoras de ovos respondem por aproximadamente 20-25% da produção global. O restante é dividido entre milhares de pequenos e médios produtores.

  • Frango: As 10 maiores empresas de frango detêm cerca de 40-50% do mercado global, com destaque para JBS, Tyson Foods e BRF.


4. Fatores que Influenciam a Dominância dessas Empresas

  • Integração vertical: Muitas dessas empresas controlam toda a cadeia produtiva, desde a produção de ração até a distribuição, o que reduz custos e aumenta a eficiência.

  • Escala de produção: A capacidade de produzir em larga escala permite que essas empresas atendam a mercados globais e mantenham preços competitivos.

  • Tecnologia e inovação: Investimentos em automação, genética e biossegurança garantem alta produtividade e qualidade.

  • Acesso a mercados internacionais: Parcerias comerciais e acordos de exportação facilitam a entrada em mercados estratégicos.


5. Tendências do Mercado Global

  • Crescimento da demanda: A demanda por ovos e frango deve continuar crescendo, impulsionada pelo aumento da população global e pela preferência por proteínas acessíveis.

  • Expansão de empresas emergentes: Empresas de países como Índia, Turquia e Rússia estão ganhando espaço no mercado global, desafiando a dominância das grandes players.

  • Sustentabilidade: A pressão por práticas sustentáveis e bem-estar animal está levando as empresas a investir em produção mais responsável.


O mercado global de ovos e frango é altamente concentrado, com um pequeno número de grandes empresas dominando uma parcela significativa da produção e exportação. Empresas como JBS, Tyson Foods, Cal-Maine Foods e CP Group lideram o setor, aproveitando sua escala, tecnologia e acesso a mercados internacionais. No entanto, o setor também é marcado por uma grande participação de pequenos e médios produtores, especialmente em países emergentes. A tendência é que a demanda global continue crescendo, impulsionando a expansão e a competitividade do setor.


O Brasil amplia suas exportações para países que antes importavam dos EUA.

ABPA projeta crescimento de 10% nas exportações, chegando a 22 mil toneladas em 2025.


Em 2024, a produção de aves, como frangos e ovos, fechou o ano com recordes e com expectativas de crescimento para 2025. 


Produção de ovos

  • No 1º trimestre de 2024, foram produzidas 1,10 bilhão de dúzias de ovos de galinha. 


  • No 2º trimestre de 2024, foram produzidas 1,15 bilhão de dúzias de ovos de galinha. 

Produção de frangos

  • A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) prevê uma produção de 15 milhões a 15,1 milhões de toneladas de carne de frango em 2024. 


  • O Brasil é responsável por mais de um terço de toda carne de frango transacionada no mundo. 


  • O Paraná lidera a produção de frango no Brasil. 


Perspectivas para 2025

  • A ABPA projeta uma produção de 15,25 milhões de toneladas a 15,35 milhões de toneladas de carne de frango em 2025. 


  • A ABPA projeta boas perspectivas para a produção e o consumo de aves em 2025. 


  • O Brasil tem uma participação de 38% no mercado global de exportação de frango. 


  • Em 2023, o Brasil registrou recordes de exportação de carne de frango. 


  • O Paraná é o estado brasileiro que mais produz frango. 


  • O Rio Grande do Sul é o terceiro maior exportador de frango do Brasil. 


  • Os principais destinos das exportações de frango do Brasil são a China, o Japão, os Emirados Árabes Unidos e a Arábia Saudita. 

Outros grandes produtores de frango 

  • Os Estados Unidos lideram a produção de aves do mundo, com 20,6%.

  • A China aparece em terceiro lugar, com 14%.

  • A União Europeia (UE) segue com 10,9%.

  • A Rússia completa o ranking dos principais produtores, com 4,8%.


Mercado de Ovos: Produção, Exportação e Impactos Globais


1. Exportação de Ovos do Brasil

  • Em janeiro de 2025, as exportações de ovos do Brasil cresceram 22,1% em relação ao mesmo período de 2024 (ABPA).

  • Volume exportado:

    • Janeiro/25: 2.357 toneladas (in natura e processados).

    • Dezembro/24: 2.054 toneladas, um aumento de 116,8% em relação a dezembro/23.

  • Principais destinos: Emirados Árabes Unidos, Serra Leoa, Estados Unidos, Japão e México.


2. Brasil no Mercado Global de Ovos

  • O Brasil é um importante fornecedor mundial.

  • O transporte de ovos exige cuidados com embalagem, tamanho, estrutura da caixa e temperatura.

  • O Brasil é o sétimo maior produtor mundial de ovos.

  • São Paulo lidera a produção nacional com quase 30% do total.


3. Preço do Milho e Impacto no Custo dos Ovos

  • Cotacão do milho na Bolsa de Chicago (20/02/2025):

    • Março/25: US$ 4,98/bushel

    • Maio/25: US$ 5,13/bushel

    • Julho/25: US$ 5,17/bushel

    • Setembro/25: US$ 4,83/bushel

  • Preço do milho no Brasil:

    • 05/02/2025: R$ 76,04

    • 31/01/2025: R$ 74,99

  • A alta do milho em dólar impacta os custos de produção de ovos no Brasil.


A aquisição no início de 2025 da empresa Mantiqueira (maior produtora e exportadora de ovos do Brasil) pela JBS, avaliada em R$ 1,9 bilhão, sinaliza uma concentração ainda maior dos exportadores do setor.


O consumo de ovos pela população brasileira ainda está bem abaixo do que é consumido pelos países do G7.  Sem uma intervenção do Estado brasileiro na regulação de oferta para o mercado interno a tendência é a elevação dos preços de ovos e frango


Os países dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) adotam diversas estratégias para manter os preços internos dos ovos estáveis e protegidos das flutuações dos preços internacionais. Essas medidas incluem políticas agrícolas, controle de exportações, subsídios e investimentos em produção local. 


Rússia

  • Protecionismo agrícola: A Rússia adota políticas protecionistas para garantir a segurança alimentar, incluindo barreiras tarifárias e não tarifárias às importações de ovos e outros produtos agrícolas.

  • Investimento em produção local: O governo russo incentiva a produção doméstica de ovos por meio de subsídios e financiamentos a granjas avícolas, reduzindo a dependência de mercados externos.

  • Controle de preços: Em situações de crise, o governo pode intervir diretamente no mercado para estabilizar os preços, como fixar preços máximos ou liberar estoques estratégicos.


Índia

  • Grande produção interna: A Índia é um dos maiores produtores de ovos do mundo, com uma produção anual de cerca de 100 bilhões de unidades. A oferta interna é suficiente para atender à demanda, minimizando a necessidade de importações.

  • Custos de produção baixos: A mão de obra barata e a disponibilidade de ração a preços acessíveis ajudam a manter os custos de produção baixos, refletindo em preços estáveis para os consumidores.

  • Foco no mercado interno: A Índia prioriza o abastecimento doméstico, especialmente em um contexto onde o ovo é uma fonte crucial de proteína para a população de baixa renda.


China

  • Autossuficiência alimentar: A China é o maior produtor mundial de ovos, com uma produção anual de cerca de 500 bilhões de unidades. O governo chinês prioriza a segurança alimentar e investe fortemente em tecnologia e infraestrutura para manter a produção alta.

  • Controle estatal: O governo chinês regula ativamente o mercado de ovos, utilizando estoques estratégicos e intervenções diretas para evitar flutuações bruscas de preços.

  • Subsídios à produção: Pequenos e médios produtores recebem subsídios e apoio técnico para manter a produção estável e os preços acessíveis.


África do Sul

  • Produção local competitiva: A África do Sul tem uma indústria avícola bem desenvolvida, capaz de atender à maior parte da demanda interna. O país também é um exportador líquido de ovos.

  • Políticas de proteção ao mercado interno: O governo sul-africano impõe tarifas sobre importações de ovos para proteger os produtores locais e evitar a concorrência desleal de preços internacionais mais baixos.

  • Programas de apoio aos produtores: Subsídios e incentivos são oferecidos para garantir a viabilidade econômica da produção local, especialmente em períodos de crise.


Estratégias Comuns dos BRICS para preservar Preços Internos

  1. Autossuficiência na produção: Todos os países dos BRICS investem em produção local para reduzir a dependência de importações e garantir oferta suficiente para o mercado interno.

  2. Estoques estratégicos: Países como China e Índia mantêm estoques de ovos e insumos (como ração) para intervir no mercado em caso de escassez ou aumento de preços.

  3. Controle de exportações: Em períodos de alta demanda internacional ou escassez, os países podem limitar as exportações para priorizar o abastecimento interno.

  4. Subsídios e incentivos: Programas governamentais apoiam produtores locais, reduzindo custos de produção e mantendo os preços estáveis.

  5. Barreiras comerciais: Tarifas e restrições às importações protegem os produtores locais da concorrência internacional e evitam a volatilidade dos preços globais.


Essas estratégias podem garantir segurança alimentar e preços acessíveis para suas populações, mesmo em um contexto global monopolizado e de volatilidade de preços.



*Miguel Manso é Engenheiro Eletrônico formado pela USP, com especialização em Telecomunicações pela Unicamp e Inteligência Artificial pela UFViçosa -  Coordenador de Políticas Públicas da EngD – Engenharia pela Democracia - e pesquisador do Grupo de Desenvolvimento Nacional e Socialismo da Fundação Maurício Grabois





REFERÊNCIAS E FONTES CONSULTADAS:



  • EMBRAPA

  • CEPEA ESALQ https://www.cepea.esalq.usp.br/br

  • USDA (United States Department of Agriculture): Relatórios oficiais sobre surtos de influenza aviária e medidas de controle.

  • OIE (Organização Mundial de Saúde Animal): Dados globais sobre surtos de influenza aviária.

  • Relatórios da indústria avícola: Análises econômicas e impactos dos surtos na produção de ovos e carne de frango.

  • Notícias e análises especializadas: Fontes como Reuters, Bloomberg e The Poultry Site.

  • USDA (United States Department of Agriculture): Relatórios sobre produção e exportação de ovos e frango.

  • FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura): Dados sobre o mercado global de proteínas.

  • Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA): Informações sobre exportações brasileiras de frango e ovos.

  • Relatórios anuais das empresas: JBS, Tyson Foods, BRF, Cal-Maine Foods e CP Group.

  • The Poultry Site e WattPoultry: Análises sobre o mercado global de ovos e frango.

  • wsj.com

  • https://sna.agr.br/brasil-e-o-maior-exportador-de-carne-de-frango-do-planeta-e-o-segundo-em-producao/#:~:text=O%20Brasil%20%C3%A9%20o%20maior,ocupa%20agora%20em%20terceiro%20lugar.


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