Hoje, 03 de outubro, a Petrobrás completa 71 anos de trajetória histórica. Uma história marcada por lutas, conquistas e sua consolidação como símbolo de soberania nacional e desenvolvimento econômico
A Petrobrás foi criada pela Lei nº 2004, em 1953, durante o governo de Getúlio Vargas. Ela nasceu em resposta ao clamor popular por controle nacional das reservas de petróleo e para assegurar o monopólio da exploração, produção e refino de petróleo em território brasileiro.
O lema “O Petróleo é Nosso” foi a base para a criação da Petrobrás que desempenhou papel central na industrialização brasileira e na busca pela autossuficiência energética.
A Bahia, berço do petróleo, foi um dos pilares dessa estratégia, e seus trabalhadores desempenharam um papel crucial na construção dessa soberania energética. Nos primeiros anos, o desafio era descobrir reservas significativas de petróleo, o que culminou com a descoberta do campo de Candeias, na Bahia, em 1941, um passo inicial para a exploração de petróleo em larga escala.
Desafios e conquistas
A trajetória da Petrobrás foi marcada por desafios desde o início. Segundo o historiador José Augusto Ribeiro, a criação da estatal enfrentou resistência de forças externas e internas. Getúlio Vargas, ciente da importância de controlar as reservas de petróleo, enfrentou pressões internacionais, especialmente de grandes empresas estrangeiras interessadas nas riquezas brasileiras.
Com o apoio popular e a mobilização de diversos setores, a Petrobrás foi estabelecida como uma empresa estatal, de economia mista, com o objetivo de garantir a autossuficiência do Brasil em petróleo e derivados.
Ao longo das décadas, a Petrobrás expandiu suas operações para outros estados e para as águas profundas e ultra profundas, com a descoberta do pré-sal em 2006, uma das maiores conquistas tecnológicas da empresa. A capacidade de explorar petróleo em áreas tão complexas colocou a Petrobrás como líder mundial em tecnologia offshore, um marco de pioneirismo e inovação.
Bahia, berço do petróleo no Brasil
A Bahia ocupa um lugar especial na história da Petrobrás e do petróleo brasileiro. Foi em Lobato, no Recôncavo Baiano, que o Brasil viu pela primeira vez o petróleo jorrar, em 1939. Essa descoberta mudou o curso da indústria nacional e impulsionou a criação da primeira refinaria do país, a Refinaria Landulpho Alves, em São Francisco do Conde, em 1950. A refinaria foi pioneira no processamento de petróleo no país e permaneceu, por décadas, como um símbolo do progresso industrial brasileiro
O estado foi um dos primeiros locais onde a empresa demonstrou seu potencial estratégico e sua capacidade técnica, que se expandiu ao longo dos anos, tornando-se vital para o crescimento da economia nacional. Os trabalhadores baianos desempenharam um papel fundamental na operação dos campos terrestres, na refinaria, no corporativo e em todas as áreas, mostrando a força e a competência da classe petroleira.
A presença da Petrobrás no estado foi fundamental para o desenvolvimento da região, gerando empregos, renda e oportunidades para milhares de trabalhadores baianos.
A contribuição dos trabalhadores e trabalhadoras
O sucesso da Petrobrás não seria possível sem a dedicação de seus trabalhadores. Desde sua fundação, petroleiros e petroleiras têm sido protagonistas na construção dessa história, com esforços que vão além da produção de petróleo. São homens e mulheres que, movidos por um forte sentimento de nacionalismo e compromisso com o desenvolvimento do Brasil, têm dado à empresa o destaque mundial que ela possui hoje.
A dedicação e o talento de milhares de trabalhadores, desde engenheiros, técnicos, do administrativo e até os operários de campo foram os responsáveis por transformar a empresa em um dos maiores nomes da indústria mundial de petróleo.
Ao longo de sua história, os petroleiros (as) protagonizaram importantes momentos de resistência e luta por melhores condições de trabalho, além de serem defensores constantes do papel estratégico da Petrobrás como empresa estatal.
Quebra do monopólio estatal do petróleo
Porém, os desafios sempre acompanharam a trajetória da Petrobrás. José Augusto Ribeiro destaca os momentos em que a Petrobrás enfrentou investidas contra seu caráter público. Nos anos 90, durante o governo Fernando Henrique Cardoso, com a abertura do mercado e a quebra do monopólio estatal do petróleo, a empresa foi submetida a fortes pressões para privatizações e perda de seu protagonismo. FHC tentou mudar a marca da empresa para Petrobrax, mas a resistência popular e massiva foi tão forte que ele teve de recuar.
Crises e privatizações
No entanto, após o golpe contra a presidenta Dilma Rousseff a Petrobrás enfrentou os maiores desafios, crises internas e a política de desinvestimentos que resultou na venda de ativos importantes. Durante os governos Temer e Bolsonaro, a privatização fatiada da empresa trouxe graves prejuízos ao Brasil.
As atividades da Companhia foram centralizadas no Rio de Janeiro. Sendo uma empresa nacional os investimentos e a gestão administrativa e operacional deve estar presente em todos os estados brasileiros.
As regiões mais atingidas com essa destruição foram o Norte e Nordeste. Na Bahia, ativos como a Refinaria Landulpho Alves e campos de petróleo no Polo Recôncavo foram vendidos. Essas privatizações trouxeram desafios para a economia baiana e para a categoria petroleira, que viu postos de trabalho serem ameaçados e a presença da Petrobrás na região reduzida.
A RLAM foi vendida por mais da metade do preço ao fundo árabe Mubadala, o que provocou uma enxurrada de denúncias, inclusive da AEPET-BA
A desativação da unidade de suporte técnico-administrativo e logístico na Torre Pituba, com a consequente transferência de trabalhadores, foi apenas uma das muitas perdas para a economia local. Além disso, o fechamento de outras unidades, como o Centro Financeiro (COFIP) e a Universidade Petrobrás, no bairro do Itaigara, teve um impacto devastador no comércio e na prestação de serviços dos bairros do Itaigara, Pituba e adjacências.
Em julho de 2023, a decisão de reabrir parcialmente essas atividades no prédio da Torre Pituba foi um passo importante. No entanto, é uma medida ainda insuficiente.
Reconstrução da Petrobrás na Bahia
A história da Petrobrás na Bahia é longa e repleta de conquistas. No entanto, os desafios atuais demandam um esforço conjunto para que a empresa possa retomar seu papel estratégico no estado. O debate sobre a reconstrução da Petrobrás na Bahia, com a reativação de campos de petróleo e a possível reestatização de ativos, como a Refinaria Landulpho Alves, está no centro das discussões sobre o futuro da estatal.
A AEPET-BA luta pela reconstrução de todos os ativos, de todo o que foi destruído pelo golpe. Uma reconstrução que passa por novos investimentos, energias renováveis, modernização da Fafen-BA e dos estaleiros do recôncavo baiano. É necessário descentralizar as atividades para transferir a massa salarial e investimentos em todos os estados que ela atua e não só no Rio de Janeiro.
Neste aniversário de 71 anos, é importante lembrar o papel vital que a Bahia teve e continua a ter na história da Petrobrás, e como os petroleiros e petroleiras da região, aposentados, pensionistas e da ativa, continuam sendo agentes fundamentais na defesa da empresa e na luta por uma Petrobrás estatal, integrada, do poço ao posto e a serviço do povo brasileiro.
Apesar dos desafios recentes, a história da Petrobrás continua a ser um símbolo de resistência e inovação.
Para a Bahia, berço do petróleo brasileiro, a reconstrução da Petrobrás é uma pauta fundamental.
Nos próximos anos, a Petrobrás enfrentará grandes transformações. A busca global por fontes de energia mais limpas e sustentáveis é um desafio para a estatal, que precisa se adaptar sem perder seu papel como geradora de riqueza para o Brasil. Além disso, a empresa está em um processo de recomposição de suas reservas de petróleo e gás, sempre buscando equilibrar a exploração com o compromisso de proteger o meio ambiente.
Para a AEPET-BA, os 71 anos da trajetória da Petrobrás é, portanto, um momento de reflexão sobre seu legado e de renovação do compromisso com o desenvolvimento do país. Que as futuras gerações de petroleiros e petroleiras possam continuar essa história, tendo sempre em mente o papel crucial que a Bahia desempenha na trajetória da maior empresa do Brasil.
Que a luta pela reconstrução da Petrobrás na Bahia continue valorizando o trabalho daqueles que dedicaram suas vidas a essa empresa e ao progresso do país.
Fonte: AEPET-BA
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