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PRIMEIRO VENCER; DEPOIS A CONSTRUÇÃO IDEOLÓGICA E A ORGANIZAÇÃO DA LUTA DE CLASSE

Carlos César Micalli Cantu

Prezados (as)


Existem três objetivos em uma eleição: Vencer, vencer, vencer. Contra Bolsonaro, existem três riscos inaceitáveis: Perder, perder, perder. Não há tragédia nacional maior do que Bolsonaro continuar.


A maioria da população brasileira, cerca de 60%, professa doutrina de centro-direita conservadora. Por isso, em números, para vencer eleição é preciso conquistar parte desses votos. E não é fácil, ela possui forte vocação religiosa obscurantista judaico-cristã e está inebriada com o picadeiro do Circo do Povo. É da natureza humana das massas seguir seus líderes e ídolos. Isso implica que, para vencer, é preciso fazer coligações com as lideranças que atuam nessa esfera, incluindo candidatos, partidos políticos, religiões, segmentos econômicos e outros. É a realidade; como se diz, “aceite que dói menos”. Aja com a população como ela é, não como você deseja que seja.


Se houver coligação, meramente oportunística, com parte desses segmentos, ganha a eleição, aliás, as forças progressistas sempre ganharam: Getúlio ganhou em 1950 coligando-se com o ademarismo. Jango ganhou a vice presidência em 1960 com Jânio Quadros. Lula ganhou em 2002 e 2006 com o empresário José Alencar. Dilma ganhou em 2010 e 2014 com o escroto Temer.


Se não houver coligação, perde a eleição, aliás, sempre perdemos. Lula perdeu em 1988 com o Senador José Paulo Bisol como vice; em 1994 com Aloizio Mercadante; em 1998 com Leonel Brizola e em 2018, Haddad perdeu com Manoela D’Ávila. Haddad não perderia se coligações tivessem ocorrido e a tragédia Bolsonaro seria desconhecida para nós. Em muito, fomos os culpados.


Achar que Lula ganhará a eleição desse ano com chapa pura de esquerda, é delírio ideológico e burrice em estratégia eleitoral. Sem coligação, não há voto suficiente e, ademais, irá se formar uma poderosa frente de centro-direita contra nós que nos massacrará: “Comunismo nunca mais, nossa bandeira não é vermelha, Lula e PT corruptos, Deus é Fiel” tudo capitaneado pela Globo e seu JN. E a derrota será acachapante, pelo menos, há grande risco de perder e não há como arriscar com Bolsonaro. Por isso, partidos e candidatos de esquerda que querem chapa pura, muitos aspirando ser vice, esqueçam. É preciso conquistar os votos de centro-direita; os de esquerda, já estão garantidos. Vamos ganhar as eleições e, depois, todos irão ajudar como Ministros ou outras funções e fazer o melhor governo de todos os tempos, melhor do que os Lula 1 e 2. E, não se preocupem, o avanço ideológico e a organização da luta de classe será retomada, com todo o ímpeto, depois de vencer a eleição. Se não ganhar, retrocede-se a estágio anterior ao atual.


Risco com as coligações? Com Lula, não existe. Lula é confiável e, ademais, sabe devorar qualquer inimigo que sentar ao seu lado, até o Satanás: Com ou sem tempero, cozido ou cru. Sempre devorou e a sua fome contra a elite é insaciável.


César Cantu

São Paulo, 10.01.22

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7 commentaires


Caro Frota, agradeço uma orientação importante que você me deu no sentido do uso de termos que podem ser vistos como indevidos dependendo da interpretação. Na verdade, eu usei esses termos referindo-me a ações e não às pessoas. Por exemplo, estratégia eleitoral burra em nada quer dizer que as pessoas são burras. Mas, é preciso tomar cuidado para que essa confusão não seja gerada. O não construtivo em um debate é a desqualificação direta de pessoas e é a isso a que eu estava me referindo. As minhas proposições sobre estratégia eleitoral não são minhas, são as tomadas no estudo do Plano Estratégico Eleições efetuado por um grupo de Engenheiros. Você conhece essa ferramenta da Engenharia e sabe que ela…

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Álvaro Frota
Álvaro Frota
11 janv. 2022

Cantu, se o objetivo não é o confronto, talvez você não devesse qualificar de "burrice" uma estratégia eleitoral diferente da que você propõe. Muito menos qualificar como "retórica de confrontação" a exposição enfática de uma posição diferente da sua. De toda forma, o debate que nós travamos aqui é absolutamente irrelevante pois tudo está sendo decidido em outro nível. Então, de minha parte encerro por aqui.

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Frota, o objetivo não é o confronto, mas, uma troca de ideias para se chegar a um consenso e alcançar um objetivo comum, o Fora Bolsonaro. A retórica de confrontação não ajuda a chegar ao consenso. "Vencer, vencer, vencer" é, apenas, um forma de se expressar; ela não define nenhum resultado. Acredito que você está falando no Alkmin em função do que está sendo debatido por aí. O texto não fala em Alkmin, aliás, o PE Eleições fala na necessidade de coligações sem citar nomes.

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Álvaro Frota
Álvaro Frota
10 janv. 2022

E agora? O que dizem os sábios defensores de Alckmin-a-todo-preço? O que vale mais votos? Pedir aos trabalhadores e pobres o voto para acabar com o fim dos direitos trabalhistas? Ou manter o Alckmin na chapa e esquecer esse assunto em nome da Frente Ampla? Vencer vencer vencer pode ser uma boa estratégia para... perder!


Aqueles que afirmavam estar falando em nome de Lula quando defendiam Alckmin se esqueceram que o que Lula realmente havia dito é que a hora era de debater programa e não debater a chapa. Coerente com isso, Lula expos a peça chave do programa petista para ganhar as eleições: eleger um presidente e os deputados necessários para derrubar a reforma trabalhista e o fim do…


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Álvaro Frota
Álvaro Frota
10 janv. 2022
En réponse à

Entretanto, pelo visto, agora ninguém nunca defendeu Alckmin. Então tá bom! Melhor que o maluco seja eu do que alguém por aqui ter defendido Alckmin e chamados de "burrice" a posição contrária.

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Álvaro Frota
Álvaro Frota
10 janv. 2022

A boa filosofia já estabeleceu há muito tempo a conexão entre meios e fins. Os fins não se alcançam com quaisquer meios. Há meios que, pela sua própria características e propriedades, simplesmente não levam aos fins.


A consigna Vencer, vencer e vencer expressa somente o pânico de perder. Tal pânico tem sólidos motivos para existir, certamente. Perder para Bolsonaro seria uma derrota histórica. Mas exatamente por causa disso é preciso antes de mais nada afastar o medo de perder e raciocinar politicamente em termos do que se passa na luta de classes no Brasil e internacionalmente.


Principalmente, devem ser evitados esquemas idealistas tais como:


Aliança com Alckmin (Direita golpista) = Já Ganhou


+


Aliança com Centro Esquerda = Já Perdeu!


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Caro Frota, concordo com as suas afirmações. Interpretações individuais sobre a forma linguística de se expressar, são, como o nome diz, individuais. Depende do estilo linguístico de cada um. Não é questão relevante para o conteúdo maior. Não vi nenhuma referência, até o presente momento, de que "Aliança com Alckmin vence eleição. O que está sendo tratado no PE Eleições, com base em 16 ameaças objetivas, é que, para vencer com certeza razoável, precisa haver coligação ao centro-direita. A luta de classe é, de fato, uma questão polêmica e de natureza profunda, digo genética e, como, tal iniciada há 3,8 bilhões de anos. É relevante, também, a influência do meio. Num futuro mediato, teremos que discutir a estrutura fundamental dess…

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