Grupos Temáticos poderão elaborar este projeto
Havia uma elevada expectativa com os resultados da visita do presidente Lula à China, principalmente sob o aspecto econômico. Esperavam-se grandes acordos comerciais e mais investimentos chineses no Brasil.
A China tem feito enormes investimentos em diversos países pelo mundo, como no Egito, onde está financiando a construção de uma nova capital, a um custo de US$ 250 bilhões. Só com a chamada “nova Rota da Seda”, o país asiático investiu US$ 1 trilhão em 70 países desde 2013, construindo e modernizando portos, ferrovias, aeroportos, sistemas de telecomunicações e até universidades.
No entanto, os acordos firmados em abril entre Lula e o presidente chinês, Xi Jinping, foram da ordem de US$ 50 bilhões em quatro anos – proporcionalmente menor que o acordo que a China fechou recentemente com a Argentina, se considerarmos os tamanhos dos territórios e das economias dos dois países sul americanos.
O professor Elias Jabbour, doutor em Geografia Humana e ganhador em 2022 de um dos mais importantes prêmios literários na China, declarou-se “decepcionado” – e com razão. O Brasil poderia ter conseguido muito mais de um parceiro ávido por investir mais em projetos relevantes no mundo, ampliando, assim, sua influência politica e econômica.
Outra razão objetiva é que a China está negociando com diversos países, como os do Brics e da Asean, a troca do dólar como moeda das transações comerciais por outra moeda, que pode ser o yuan ou outra. No médio prazo, se isso ocorrer, o dólar perderá muito do seu valor, então é melhor eles transformarem os dólares de suas reservas em ativos reais antes da derrocada da moeda norte-americana.
A tendência à "desdolarização" foi confirmada por reportagem da renomada rede britânica BBC. Conforme a matéria, "com o objetivo de reduzir sua dependência" dos EUA, "bancos centrais de grandes economias como China, Índia ou Brasil, entre outros, estão comprando ouro para repor os dólares em suas reservas no ritmo mais rápido registrado desde o pós-guerra".
Em nossa visão, e na de muitos que desejam uma forte reindustrialização e o desenvolvimento do nosso país, faltou oferecer aos chineses oportunidades de investimentos estruturantes, além de negociar transferências de tecnologias, para recuperarmos parte do nosso atraso nas últimas décadas.
Na 2ª Guerra Mundial, Getúlio Vargas soube negociar com os norte-americanos acordos políticos e comerciais que resultaram na Companhia Siderúrgica Nacional, impulsionando aa industrialização de nosso país. Getúlio tinha um projeto de país – e um projeto de desenvolvimento do Brasil.
Além de seus feitos na área político-social como a criação dos conselhos de Água e Energia, de Política Industrial, a CLT e o BNDES, o governo Vargas idealizou a Eletrobrás em 1954 e implantou grandes projetos de engenharia, como a Petrobrás e a Vale do Rio Doce. Se somos hoje o país mais desenvolvido da América Latina, foi graças principalmente aos grandes projetos implantados por Getúlio de 1951 a 1954.
Nos governos do PT com Lula e Dilma, apesar de algum crescimento da economia e da melhoria das condições de emprego, não houve mudança na estrutura de produção do país nem a implantação de um modelo de desenvolvimento. A carga dos juros sobre a dívida interna continuou alta, consumindo boa parte da riqueza gerada pelo País.
Enquanto isso, a poupança interna para investimentos no desenvolvimento continuou caindo. Bastaram seis anos de governos entreguistas e destruidores com Temer e Bolsonaro para a situação do País e do povo voltar a um quadro desesperador, devolvendo o Brasil ao Mapa da Fome.
É necessário um projeto de reindustrialização, de infraestrutura, que desloque o perfil exportador de commodities com menor valor (grãos, minério, alimentos, etc. em estado primário) para um perfil de país exportador de projetos, de bens industrializados, de tecnologia. com maior valor agregado.
É de grande importância a preocupação do atual governo com a geração de empregos, a valorização da mão de obra e o combate à fome. Porém é necessário um projeto de segurança alimentar para o país, que obrigue os grandes empresários do agro que recebem incentivos do governo a juros baixos para a produção de grãos para exportação, a plantar ao menos em 10% de sua área agricultável produtos da cesta básica para a alimentação nosso povo.
Sem grandes investimentos em educação e pesquisa e uma engenharia forte, para serem os motores do desenvolvimento, nosso país continuará frágil diante dos ataques de eventuais futuros governos conservadores ou das crises constantes e cada vez mais agudas do capitalismo decadente.
A Engenharia pela Democracia – EngD tem neste momento uma oportunidade singular de oferecer ao Brasil um Projeto de Desenvolvimento, elaborado por profissionais da Engenharia, com toda a sua expertise, olhando para os interesses do nosso povo, para nossa soberania e nossa independência definitiva. Podemos fazer projetos e orçar seus custos, poderemos elaborar um grande projeto técnico-econômico para o nosso desenvolvimento.
Sabemos que projetos bons conseguem financiamentos com maior facilidade. Certamente haverá recursos públicos, privados nacionais e internacionais, com destaque para os chineses.
Os Grupos Temáticos que ora iniciam seus trabalhos na EngD poderão avaliar, além dos temas citados anteriormente, por exemplo, se devemos preferir para nossa infraestrutura os trens-bala ou se devemos instalar muitos aeroportos para aviões regionais, uma vez que nossa Embraer é campeã neste quesito.
O que devemos fazer para nossos portos? Devemos investir na pesquisa e produção dos carros híbridos, para atender os interesses dos fabricantes de autopeças e de álcool combustível, ou dos carros totalmente elétricos, mirando o futuro, uma vez que os carros à combustão logo ficarão ultrapassados?
Devemos investir na inteligência artificial, na indústria de TI, na produção de semicondutores, para exportar para nossos vizinhos da América Latina? Enfim, são vários temas prioritários como Meio Ambiente, Saneamento, Educação e Energia, que poderão se encaixar numa grande proposta de Projeto Nacional de Desenvolvimento.
Um critério a ser adotado para a elaboração deste Projeto é, num primeiro momento, a busca pelos gargalos técnicos que emperram nosso desenvolvimento – quais a soluções que podemos oferecer do ponto de vista da ciência e da engenharia, e quais os custos financeiros para a implantação destas soluções.
Certamente, como o temário é extenso e são muitas as questões, poderemos ir avançando para um refinamento das soluções a serem propostas para cada área, de tal forma que uma proposta dialogue com a outra, formando um conjunto, um projeto exequível.
Participando do grupo estratégico eu fiz uma proposta de construção duma ferrovia que chamei "atlântico-pacífico" que se iniciasse em Fortaleza, com um ramal no porto do PCEM e a outra ponto ficasse entre Perú-Chile mas passando em algum ponto estratégico da Bolívia e do Paraguai com o objetivo de abrir saída para o mar para estes dois países. Ela seria muito importante para a integração do Perú, Chile, Bolívia e Paraguai ao MercoSul. Para o Brasil seria uma abertura tanto para transporte de pessoas como cargas nas duas direções, Atlântico/Pacífico. Um grande projeto para a Engenharia Nacional objetivando que fosse com trens super rápidos, elevados com o objetivo de respeito à fauna e a flora além de segurança no trâfego.…
Parabéns Barreto. Perfeito.