Quadro: “A Liberdade guiando o povo” Eugene Delacroix-1830
Precisamos de uma ideia que mobilize os profissionais da engenharia.
Organizar muitas pessoas para um objetivo grandioso nunca foi tarefa fácil. As pessoas se mobilizam pela emoção ou pelas ideias. Quando as pessoas querem colaborar, a tarefa de organizá-las passa a ser bem mais simples.
O historiador Yuval Hariri, em seu livro Sapiens (arquivo em “.pdf” disponível em nossa Biblioteca) nos ensina que em nossas origens, começamos a formar grupos e cooperar entre os indivíduos após a revolução cognitiva e desenvolvimento da fala, que possibilitou a exposição de coisas fantasiosas, ideias e mitos. Que o Homo sapiens é a única espécie da natureza, que desde os tempos ancestrais, cooperava não apenas com indivíduos conhecidos ou próximos, mas também com outros indivíduos, mesmo estranhos de outros grupos ou tribos, na defesa de um propósito ou uma ideia. Que a fofoca ajudou o Homo sapiens a formar bandos maiores e estáveis que cooperavam entre si. Porém, pesquisas sociológicas indicam que o limite dos grupos que se organizam apenas com fofocas, ou seja, com intrigas, defesa de interesses e alianças individuais, é de no máximo 150 indivíduos, a partir do que se tornam instáveis e pouco naturais.
No entanto, a história nos mostra desde os tempos muito antigos que grandes contingentes de indivíduos construíram cidades, lutaram em guerras entre enormes exércitos, multidões de religiosos edificaram templos e obras para seus deuses. Hariri indica que a explicação para esta quebra do paradigma “150 indivíduos“, é a existência dos mitos, ficções, invenções da mente, ideias, coisas não materiais, como o conceito de nação, a fé em uma religião, ou mais recentemente, digo eu, a crença em uma fake news como a anti-vacina ou o terraplanismo etc.
Indivíduos desconhecidos de locais distantes de nosso país podem cooperar entre si para ajudar seu time de futebol, para uma obra social de sua igreja ou lutar em uma guerra sangrenta, como fizeram no passado. Podem jogar toda sua energia em uma ideia ou em uma bandeira de luta, como se diz nas organizações sociais atuais.
Escrevi todas estas linhas para dizer que nosso movimento EngD precisa encontrar uma ideia mobilizadora que conquiste os corações e mentes dos profissionais da engenharia.
Nosso movimento surgiu após uma situação de desmonte das grandes empresas da engenharia nacional e da Petrobrás, causadas por ataques estrangeiros, facilitados pela Operação Lavajato, e posteriormente deteriorada por um governo anti-ciência, anti-cultura, anti-meio ambiente etc.
Estes profissionais criadores do EngD, que pretendem dar um rumo inteligente e democrático para nossa engenharia, conseguiram visualizar este cenário e vislumbrar um novo caminho, mas é necessário atrair uma grande massa de profissionais para transformar o “incremento na quantidade em incremento na qualidade” como nos ensina a dialética.
Propostas como elaborar um planejamento para o Brasil, com projetos em várias áreas de nossa engenharia, de nossa economia, nos currículos escolares, nas áreas de pesquisa, ciências e tecnologia, meio ambiente etc. estão nas cabeças dos nossos membros e estão sendo sistematizadas para serem apresentadas às universidades, autoridades, candidatos, entidades representativas destes segmentos, porém ainda nos falta um mecanismo ou um gatilho que desperte em um grande número de profissionais que atuam na engenharia nacional, o mesmo sentimento despertado nos atuais organizadores deste movimento.
Pretendemos que os profissionais da engenharia se sintam emponderados na responsabilidade de desenvolver o Brasil, e que seus conhecimentos sejam aplicados e maneira eficiente, utilizando e desenvolvendo tecnologias locais e nacionais, em benefício da maioria de nosso povo, porque temos capacidade de sobra para isto.
Os Passos Para a Organização
Apesar de ser recente, o EngD estruturou sua coordenação através de núcleos organizativos e grupos temáticos e agora parte para a divulgação de nossas propostas para os amplos setores de nossa sociedade. Entendo que devemos atuar em 3 principais frentes simultaneamente, como se estivéssemos montando um trator enquanto ele puxa uma carga e ao mesmo tempo vai abrindo a estrada para poder percorrer: a organização do movimento, a promoção de debates e discussões sobre os temas de interesse da democracia e da engenharia e a divulgação do movimento e dos problemas/propostas para nosso país.
A organização do movimento passa pela atuação firme de cada um e seus núcleos e grupos, dentro de suas atribuições e objetivos, pela articulação com outras entidades atuantes na engenharia, pela elaboração de propostas para serem apresentadas com a nossa marca, nos fóruns, congressos e debates destas entidades e nos eventos gerais do movimento em defesa da democracia no país.
A promoção de debates e discussões dos temas de interesse para nossa democracia e nossa engenharia já estão sendo realizados através da Roda de Debates e deverão se intensificar, transformando-se num Fórum permanente de debates, em todo o país, sobre as diversas áreas, como já descrito aqui anteriormente. As questões da democracia em nosso país ganharam corpo nos últimos anos por conta deste desgoverno atual e de sua tentativa de nos impor um regime ditatorial e fascista, o que nos abre a oportunidade de mostrar que a democracia também se reflete na engenharia. Os critérios de aplicação de recursos, os conceitos básicos para se elaborar um projeto, o alcance social ou o atendimento de uma ou outra parcela da sociedade por um determinado projeto, o quanto o projeto afeta a natureza e nosso clima, tem tudo a ver com a democracia na engenharia. Temos que adotar a engenharia da comunicação para viabilizar e expandir fortemente o debate para no público alvo.
A propaganda e o marketing devem ser prioridades de qualquer organização social para atingir seus objetivos. Ocorrências como o Brexit no Reino Unido, as eleições de Trump nos EUA e de Bolsonaro no Brasil nos mostram como o uso inteligente das ferramentas de comunicação podem trazer resultados positivos, para o bem ou para o mal. Nós temos a oportunidade de fazer a dobradinha eventos e debates X divulgação. Realizaremos debates no Fórum gerando conteúdos e os divulgaremos através das redes sociais e de nossa futura TV EngD para alavancar nosso movimento. Para tanto nosso portal deverá se transformar na rede social privada dos profissionais da engenharia, pois comportará a criação de grupos de bate-papo, fóruns de debates de assuntos científicos e da democracia, de orientação para projetos de engenharia democrática e engajada. Deve estar “linkado” com outros portais científicos e de vanguarda no mundo todo.
Nossa TV EngD será um canal permanente de divulgação dos debates próprios ou de parceiros que se enquadrem em nossa Carta de Princípios, de encontros, palestras e congressos etc. das entidades dos profissionais. Toda nossa sapiência na engenharia deve ser colocada em prática para alcançarmos nosso objetivo de reconfigurar a engenharia brasileira e reconstruir nosso país.
A Democracia clama pela Engenharia!
Nossa tarefa número um é a criação da “bandeira da EngD “.
Comentarios